A Associação de Apoio aos Combatentes das Ex-FAPLA (ASCOFA) reclama do não pagamento de uma factura de 95.850.000 de kwanzas, por parte do Governo da Província de Luanda (GPL), resultante da limpeza da cidade capital por parte dos seus associados na fase em que se vivia o auge da Covid-19
Apesar de ser uma associação de antigos combatentes, preenchida maioritariamente por velhos que deram a vida pela justa causa do povo angolano, a ASCOFA tem procurado dar a estes velhos alguma dignidade e mantê- los activos, razão pela qual criou uma brigada de saneamento que garantiu, na altura em que a Covid-19 tinha atingido o ápice, a recolha do lixo na cidade de Luanda. Por terem trabalhado e os ‘mais velhos’ exigem o seu dinheiro, Caetano Marcolino, o presidente da associação, disse que está há já algum tempo a cobrar a factura de 95 milhões e 850 mil kwanzas ao Governo da Província de Luanda, desde a altura em que Joana Lina dirigia os destinos da capital do país.
A cooperativa de saneamento básico da ASCOFA, segundo o presidente, tem abrangência nacional e o programa piloto de limpeza da cidade de Luanda foi implementa- do pelo facto de, há dois anos, algumas empresas de limpeza terem abandonado a cidade por falta de pagamento. A ASCOFA interveio, mobilizando 1500 homens que trabalharam durante oito meses. “São sargentos, soldados, viúvas e órfãos dos antigos combatentes que não têm uma renda e, voluntariamente, limparam a cidade com todos os riscos possíveis. Estas pessoas ouviram dizer que a ASCOFA já recebeu o dinheiro, mas a verdade é que o Governo provincial ainda não pagou. Escrevemos para a governadora, na altura, mas meses depois ela foi substituída”, conta.
Tentaram ainda recorrer à Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, mas Maria Nelumba, meses depois, também foi indicada para outro cargo. Não baixaram a guarda e escreveram para o actual governador, Manuel Homem, que achou estranha a factura de 95 milhões e reivindicou o facto de estar catalogada como voluntariado, a priori, e não devia ser paga. Entretanto, pediu ainda documentos que comprovam a feitura do trabalho. Caetano Marcolino conta que tiveram de reunir todos os comprovativos, todos os relatórios das zonas limpadas (42 km), as facturas e deram entrada. Esperam que haja alguma consideração e que seja paga a factura para acalmar os ânimos dos 1500 associados.
Desabafos
Lamentou ainda o facto de existir pouca oferta de trabalho para os ex-militares e queixa-se de um certo desprezo por parte dos administradores municipais, apesar de terem apresentado uma solução para o lixo em Luanda. “Quero aproveitar o microfone do Jornal OPAÍS para pedir a todos os administradores municipais e aos governadores provinciais que solicitem às delegações da ASCOFA e façam um contra- to de saneamento básico. É o mínimo que podem fazer. Não podem pensar que até para a limpeza o ex-militar não serve; podar árvore, fazer embelezamento, limpeza de sargetas, são serviços que os ex-militares conseguem fazer”, sublinhou.
Defende que isso não é pedir de- mais, pois nos ex-militares há muitos com potencial, como mecânicos, enfermeiros, carpinteiros, motoristas, serralheiros, mas nem para limpar rua estão a ser chamados, segundo o responsável. “Escrevi para o administrador de Viana, não me respondeu e não me recebeu. Será que Viana não está suja? Escrevi para o administrador do Kilamba Kiaxi, do Cazenga, da Samba, Maianga, etc. Não querem ajudar os antigos combatentes e continuamos como mendigos”, disse ele, mostrando os documentos de cada município e distritos de Luanda que escreveram.
O presidente da ASCOFA disse que, ainda nesta senda de melhorar as condições dos seus associados, estão a trabalhar no sentido de recuperarem as cooperativas agrícolas, para que cada um possa criar o seu negócio no ramo da agricultura, pecuária e tenha uma fonte de subsistência. “No Cuanza Sul, recuperamos 30 cooperativas agrícolas, que já receberam apoios do Presidente da República, com a entrega de máquinas e estão a receber agora crédito bancário para sustentar a produção. No Huambo, recebe- mos quatro tractores para quatro cooperativas; no Moxico, em 40 cooperativas recebemos 40 tractores; no Zaire, quatro cooperativas estão a ser recuperadas e no Bengo duas novas cooperativas”, finalizou.