Está há 10 anos em construção. Foi tido como o hospital dos políticos, e pode vir a ajudar a diminuir a pressão sobre a junta médica. A infra-estrutura será entregue ainda este ano
Localizado no Morro Bento, mais propriamente na zona da Gamek à direita, distrito urbano da Maianga, em Luanda, o Hospital deve custar USD 103 milhões. Segundo o membro da comissão instaladora, Miguel Esteves, a execução financeira ronda os USD 13 milhões, cerca de 13% do bolo de mais de USD 100 milhões.
A infra-estrutura vai ocupar uma área de 32 mil metros quadrados, sendo que o edifício principal terá três pisos, numa área total de 29.062 metros quadrados. Aquando da sua visitas à obra, o Presidente da República reconheceu que estava bastante atrasada, mas assegurou que seriam envidados esforços para que fosse recuperado o tempo perdido. Uma ideia que faz todo o sentido já que o hospital materializa a proposta eleitoral do primeiro mandato, assente na aposta forte no sector social, com destaque para a saúde num primeiro momento.
Quando pronto, o hospital terá uma capacidade instalada de 144 camas, 36 gabinetes de consulta externa, 16 salas de exames, 36 poltronas de hemodiálise, duas salas de tratamento de radioterapia e rádio-cirurgia, medicina nuclear com um PET, uma gamacâmara e um micro-ciclotrão, duas salas de parto, unidade de cuidados intermédios, com capacidade para 16 camas, cinco laboratórios, centro de formação em cirurgia robótica e dois aceleradores nucleares, podendo vir a ajudar a reduzir a pressão sobre a junta médica.
Segundo Miguel Esteves, a unidade sanitária vai assegurar uma assistência médica diferenciada, que vai reduzir a necessidade de solicitações médicas ao exterior. Pretende ser uma primeira unidade acreditada internacionalmente, podendo vir a ser uma referência não só nacional, mas também regional.
Hotel e residências
Numa iniciativa inovadora em Angola, o hospital poderá contar, também, com um hotel e um edifício residencial com 20 apartamentos T2. Desde o começo da obra, em 2012, que o Complexo Hospitalar Pedro Maria Tonha “Pedalé” passa por sobressaltos de vária ordem.
Desde a suspensão das obras em 2016, por razões financeiras, veio retomar apenas em 2018, com a criação da Comissão Instaladora, em Outubro do mesmo ano, até à generalizada ideia de que aquele seria um hospital apenas para os políticos. Uma ideia que levantou dúvidas e também indignação da população, de tal forma que, tão logo teve oportunidade, o Presidente da República João Lourenço esclareceu que “a unidade sanitária está totalmente voltada ao serviço público”.
Realçou, na altura, que “não faria sentido que uma unidade como a que está a ser construída servisse a uma classe apenas”. Só depois de se ter avançado para o pagamento de dívidas ligadas à contratação das empreitadas e equipamentos hospitalares, por meio da autorização de despesas para a conclusão da empreitada e fornecimento de equipamentos no valor de mais de USD 128 milhões, as obras retomaram.
Recentemente, quando efectuou uma visita às obras, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, mostrou-se satisfeita com o avanço das obras, sobretudo “com os avanços na par- te exterior”. Sem apontar datas exactas, a governante realçou que gostaria que se pudesse entregar o hospital ao público “ainda este ano”.
POR: Ladislau Francisco