A directora do Gabinete Provincial do Ambiente e Gestão dos Resíduos Sólidos da Huíla, Tânia dos Santos, confirmou que uma equipa de especialistas em vida selvagem estará, hoje, nesta província para avaliar o leão que supostamente vive em condições de maus-tratos, no restaurante Quedas de Água
A reacção surge de uma denúncia que circula nas redes sociais, sobre supostos maus-tratos a que um leão (na foto) está a ser submetido no restaurante Quedas de Água.
Na foto, são visíveis sinais de de desnutrição do felino. De acordo com a directora do Gabinete Provincial do Ambiente, Tânia dos Santos, que ontem trabalhou na comuna da Huíla para avaliar o estado do animal que se encontra enjaulado há mais de um ano, não se pode, a olho nu, avaliar o estado clínico do leão, uma vez que não existe, na província, um veterinário especializado em vida selvagem.
“Fizemos a primeira visita de constatação e avaliação do animal, pelo que aparenta ter uma melhoria da condição física, não sabemos como é que está o estado clínico do animal. Provavelmente o stress pelo tipo de confinamento a que foi assujeitado ou tenha causado algum desgaste físico”, disse.
Para se avaliar o estado clínico do animal, Tânia dos Santos revelou que saiu de Luanda uma equipa do Ministério do Ambiente, na qual integra uma médica veterinária, especializada em vida selvagem, para o diagnóstico final.
A responsável pelo Ambiente na Província da Huíla informou que o local não possui condições para albergar animais do porte de um leão, o que implica que o felino seja retirado do espaço, tão logo se criem as condições para o efeito.
“Tirar agora o animal daqui e colocá-lo num determinado local, poderemos perigar ainda mais a sua vida.
Precisamos avaliar, estudar de facto as condições de transporte do mesmo, a adaptação, etc. Teremos ainda um período longo para o acompanhamento deste animal”, sublinhou.
Tânia dos Santos foi peremptória em dizer que o animal não vai continuar ali. Ainda é um animal jovem, com um ano e poucos meses, que precisa de espaço, precisa da natureza para se manter vivo.
Para além do leão, o restaurante possui ainda outros animais e répteis como jibóias, crocodilos, bem como antílopes de pequeno porte, para a atracção dos turistas que visitam o estabelecimento.
Proprietário garante condições para a sobrevivência do animal
O proprietário do restaurante Quedas de Água, José João, disse, em entrevista ao jornal OPAÍS, que tem estado a garantir parte das condições exigidas para a sobrevivência do animal na jaula, que passam pela disposição de alimento próprio para o leão, higienização do espaço, bem como os cuidados com a saúde do felino.
O nosso interlocutor explicou que a falta de especialistas em vida selvagem na província da Huíla tem estado a dificultar a contratação de pessoal que cuida da saúde do animal, que chegou ao local aos três meses de vida.
“Este animal chegou aqui aos três meses de idade, temos estado a trabalhar para que o mesmo viva com saúde, apesar de não termos um médico veterinário que trate directamente da saúde deste tipo de animal.
O leão não está desnutrido, como se faz passar nas redes sociais, ele consome de 30 a 40 quilos de carne semanalmente”, defendeu.
Por sua vez, a esposa do proprietário do restaurante Quedas de Água, Bibiana de Sousa, diz já ter criado uma afeição pelo animal, fruto do tempo de convivência, que o apelidaram de Simba.
Diz ainda que não será fácil a separação do felino, mas aceita qualquer decisão das autoridades. “O Simba chegou aqui pequenino, criámos ele até que chegasse nesta idade.
Será uma tristeza separar-me dele, mas se esta for a decisão das autoridades, eu vou entender”, revelou.
Por: João Katombela, na Huíla