A referida empresa, radicada na capital do país, não tem representação em Benguela para cuja porta os funcionários possam bater para verem solucionado o problema, tendo eles adiantado que o processo de recrutamento se deu mesmo no local onde se construiu uma escola de 8 salas de aula, na Bela Vista Baixa, em Benguela, projecto circunscrito no Plano de Investimento Público do Governo de Benguela.
Face a um alegado incumprimento no que respeita ao pagamento por parte do Governo Provincial de Benguela, e porque a empresa diz não dispor de recursos para suportar as despesas, os elementos que se apresentavam como membros de direcção da empresa decidiram abandonar os estaleiros, deixando os 30 funcionários à sua sorte. Todavia, no contacto mantido com a direcção da empresa, este jornal obteve a informação de que, no princípio deste ano, se tinha procedido ao pagamento de um mês de salário em atraso.
Os funcionários afirmam que tal foi referente a um outro mês, de 2023. Fontes do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatísticas não conseguiram precisar se havia ou não dívida para com a empresa.
No entanto, de acordo com os funcionários da J.C.L.J-Madeiras, LDA, nos últimos tempos, a direcção não os tem atendido, daí terem decidido procurar os meios de comunicação social para denunciar o caso.
Eles garantem terem contactado o Governo de Benguela, mas, como o contrato foi firmado entre as autoridades locais e a empresa, têm recebido a informação de que o Governo não deve explicações a eles.
Frederico Calei, um dos funcionários, de 59 anos de idade, diz que, por conta dessa situação, se encontra incapaz para prover alimento e outras tarefas sociais inerentes à sua família.
O funcionário sustenta que o processo de recrutamento foi feito num estaleiro, instalado em uma escola de 8 salas por eles construída, no bairro Bela Vista Baixa, no município de Benguela. “Eu tenho crianças no colégio e em outras escolas públicas.
Como é que vou fazer para pagar as propinas? São três meses sem nada. Nos tratam tipo crianças”, reporta ao jornal OPAÍS, acusando a direcção de os ter fugido.
Inocente Nguelê, um outro funcionário, diz que a empresa executa obras na província do Cuanza-Sul, onde tem pagado regularmente os funcionários, para quem não colhem os argumentos de falta de tesouraria alegado pela mesma. “Eles têm obras em Benguela, Luanda e Cuanza-Sul.
Eu me pergunto se somos um só povo, uma só nação, como é que a direcção paga uns e a nós não?”, questionou-se, ao referir que grande parte das obras executadas pelo seu grupo de trinta elementos foram concluídas, elencando, de entre outras empreitadas, a de um campo de ténis, também na Bela Vista Baixa, e uma escola, de 8 salas de aula, na Vila das Acácias (CRM).
Empresa defende-se Contactado, em simultâneo, via telefónica, por este jornal e pela TVZimbo, um dos gerentes da empresa, que se apresenta apenas como senhor António, confirma atrasos no pagamento de salário e, por conta disso, culpabiliza o Governo de Benguela, com o argumento de que não há “nenhuma empresa que consegue resistir sem verbas”.
Os trabalhadores têm acusado a direcção de abandono e os estar a mentir. O responsável, porém, desafia os 30 funcionários a organizarem um grupo que passe a dialogar com o governo local, a fim de que fiquem por dentro de todas as diligências inerentes à situação contratual.
“Para saber se já fomos pagos ou não. Nós não conseguimos dinheiro para pagar sem que o Governo nos pague, não é?”, frisou, tendo desmentido os funcionários, que acusam a direcção de abandono. “Temos mantido contacto regular com os funcionários para os acalmar.
A informação que o Governo nos deu passamos a eles”, disse. Ele alega terem sido obrigados a paralisar uma boa parte das obras por falta de capacidade financeira.
“Colocámos dinheiro de outras províncias para estas escolas, só que, desde Junho, o Governo não nos paga. Eles sabem disso, só que não acreditam em nós”, lamenta o gerente da J.C.L.J-Madeira, LDA.
Em relação à falta de representação, por conta do qual não há interlocutor com quem os funcionários possam contactar, António diz ser do conhecimento dos funcionários da existência de estaleiros aonde eles se possam dirigir, sempre que quiserem tratar de assuntos relativos ao processo em curso de atraso no pagamento.
“Não estamos na escola da Bela Vista Baixa. Estamos a pensar nos retirar de lá, porque não estamos a conseguir suportar, nem os seguranças, nem o pessoal que lá está. Eu sinto muito, não é vontade nossa, é um problema conjuntural.
A última vez que falei com eles sentime aflicto, liguei para o director do GEPE(Miguel Luzolo) e ele aconselhou-me que os funcionários não fossem à TVZIMBO, porque mancharia o Governo Provincial.
Fala com os funcionários se é que organizem um grupo e venham até ao Governo Provincial, para eles ficarem mais calmos.
Quando houver pagamento, convocamos para vocês também tentar mediar este assunto’’’, confessa António.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela