Uma entre dezenas de homens. Assim é o dia-a-dia de Rosa Margarida Caginga, uma das poucas mulheres em Angola, formada em engenheira de construção de linhas férreas.
POR: Neusa Filipe
Há vinte anos que Rosa Caginga faz parte do quadro de funcionários dos Caminhos de Ferro de Luanda, apesar de algumas vezes ser vítimas de descriminação, sente-se feliz pela função que exerce com brio o profissionalismo. Apesar dos conhecimentos científicos que tem, ela inspira-se no facto de que Deus deu à mulher o dom para fazer várias coisas ao ‘mesmo tempo’, para prosseguir o seu caminho, conciliando a profissão com a família e as tarefas domésticas.
Em entrevista exclusiva a este jornal, a directora adjunta de infraestruturas partilha a sua história como profissional, encorajando outras mulheres a não desistirem dos seus sonhos e a acreditarem na capacidade que Deus lhes concedeu”. Rosa Caginga conta que é a única mulher na área em que trabalha, coordenando uma equipa composta por homens e que nem sempre agem com simpatia, mas tem conseguido lidar com isso. Recordou que no início da carreira, numa das suas actividades de campo, foi duramente descriminada por colegas por ser a única mulher engenheira no meio de tantos homens.
“Lembro-me que, no princípio, uma das vezes saímos de comboio para fazer trabalhos de manutenção da via e um dos colegas disse que não acreditava que eu era mesmo uma engenheira. Chamava- me ‘menina’ e todos riam-se de mim”, conta, alegando que só depois de ter feito uma informação à empresa é que os actos de descriminação pararam. Ao longo dos seus vinte anos de profissão, tem viajado constantemente por toda a extensão dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL), bem como a nível de todo o país, incluindo algumas missões além-fronteiras.
“Apesar de ser engenheira não esqueço que sou dona de casa e sei dividir o tempo para tudo e ainda sobra-me tempo para ir à igreja e adorar o meu Deus”, disse. Para todas as outras mulheres, sonhadoras e batalhadoras, a engenheira deixou uma mensagem de encorajamento de modo a perseverarem na realização dos seus sonhos, porém sempre com dignidade e respeito por si mesma, apesar de considerar duras as circunstâncias em que a vida às vezes se apresenta. “Embora a vida seja dura, às vezes é preciso continuar a batalhar e nunca desistir de ir ao alcance dos objectivos, mas sempre com dignidade e mérito”, apelou.