Enquanto os proprietários das residências circunvizinhas temem pelas suas vidas, por existir uma inclinação que pode ser fatal para os camionistas, este denunciam que têm sido vítimas de assalto
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Os moradores dos bairros do Cotel e automobilistas que circulam no troço da Serpa Pinto, nos arredores da ex-escola da Liga, manifestam- se preocupados com o estado avançado de degradação da via e pedem uma intervenção “urgente” da Administração Municipal de Benguela, para se inverter o actual quadro. Em declarações a OPAÍS, consideram que, aprovado que está o instrumento de gestão macro- económica (Orçamento Geral do Estado), o Governo deve disponibilizar uma dotação orçamental para a reabilitação do troço e conferir melhor circulação e conforto a quem transporta mercadorias do Norte ao Sul do país e vice-versa.
Recordaram que, outrora, depois de cada época chuvosa, a Administração Municipal de Benguela, na altura encabeçada por Leopoldo Muhongo, procedia a trabalhos paliativos, mas dado o tráfego pesado que circula naquela via, aliada à falta de escoamento de águas pluviais, a estrada degradou- se, criando enormes buracos. “Hoje o asfalto já não existe e é complicado quando chove”, lamenta o automobilista Daniel Silva. O troço, destinado a automóveis pesados, carece de uma intervenção urgente, porquanto os buracos nele contidos sujeitam os camiões a uma inclinação que pode ser fatal para as residências circunvizinhas. “Eu fico sempre com o coração na mão. Vivo ao lado. Já imaginou se um dos camiões contentorizados cai sobre a minha casa…”, desabafou Paulo Catumbela.
Este cidadão alega ter ocorrido um erro de engenharia que resultou na obstrução dos canais de escoamento de água. Na década de 1980, o cenário não se verificava, devido aos canais de escoamento de água, recorda o senhor António Nhime. Hoje, em época chuvosa, refere o cidadão, as águas pluviais, provenientes do bairro da Calomanga, escoa toda para a estrada, razão por que o tapete asfáltico se degrada com facilidade. Para lá do estado de degradação da via, os moradores queixam-se igualmente de actos de criminalidade. À noite, dizem, é aproveitada por jovens para perpetrarem determinadas acções, perturbando a circulação deficitária. “Os miúdos aproveitam a inclinação dos camiões, por causa dos buracos, para roubarem as mercadorias que os camionistas trazem.
Certa vez, aqui mesmo nesse troço, roubou-se um boi a um camião que carregava muitas cabeças de gado, por volta das 22 a 23 horas, a hora que tais práticas ocorrem”, disse o senhor Luís Monteiro, morador do bairro do Cotel há 20 anos. O munícipe pede a intervenção da Polícia Nacional para inverter o quadro. OPAÍS não pôde obter das autoridades locais um pronunciamento sobre o que será feito naquele troço que vai, de certo modo, tirando “o sono” a automobilistas e moradores adjacentes. Entretanto, segundo uma rádio local, a Administração Municipal já terá feito recurso ao Fundo Rodoviário, adstrito ao Ministério da Construção, para uma possível requalificação da via, mas sem sucesso, porque, segundo a mesma fonte, a resposta dada foi a de que o mesmo não dispunha de “fundos” para fazer face ao pedido da administração encabeçada por Lito Guardado.