O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), a nível nacional, foi chamado a intervir, desde o início do ano em curso até ao momento, em 24 casos de acidentes com engenhos explosivos, tendo deste número resultado a morte de seis pessoas, segundo o porta-voz, Wilson Baptista. Cuando Cubango lidera a lista de ocorrências por conta da busca incessante por mercúrio nestes engenhos
Os casos, registados de Janeiro a Agosto do presente ano, deramse nas províncias do Cuando Cubango, Bié e Luanda, tendo do total de 24 vítimas seis perdido a vida. Duas vítimas mortais foram reportadas na cidade de Menongue, no dia 8 de Abril, com um engenho do tipo mina antitanque; uma no Bié, no município do Andulo, no dia no dia 15 de Maio, mesmo tipo de mina; e três em Luanda, Cacuaco, no dia 20 de Agosto, granada.
Segundo o superintendente e porta-voz do SPCB nacional, Wilson Baptista, o último caso, o da província de Luanda, onde nove crianças foram vítimas da explosão de uma granada, é o registo mais mortífero concentrado numa província já tido em menos tempo, pelo que lidera a lista, seguido das duas ocorrências de morte e um ferido em Menongue.
Perguntado se era possível fazermos uma comparação com o ano passado, o porta-voz disse não ter os dados todos compilados, por estar recentemente na função, mas adiantou que, ainda sobre o presente ano, as vítimas estão subdivididas em 22 do género masculino e duas do feminino, com idades que variam dos dois aos 36 anos.
Wilson Baptista referiu que ocorrências do género são letais, uma vez que se não se registar vítimas mortais, as sobreviventes ficam com ferimentos graves, umas chegam a ser amputados alguns dos membros. A intervenção do SPCB tem sido, sobretudo, às vítimas que ainda tenham vida, para que sejam estabilizadas ainda no terreno e, de seguida, levadas o mais rápido possível para os hospitais de referência.
“A província que temos registados casos do género com maior incidência é a do Cuando Cubango, sobretudo em indivíduos que trabalham com material ferroso. As pessoas pretendem retirar o mercúrio do interior do engenho explosivo.
Por outro lado, está o Bié, onde um cidadão de 32 anos acendeu uma fogueira no quintal da sua casa para se aquecer do frio e acabou acionando uma mina”, conta. Nas províncias onde houve muito conflito armado, apesar dos trabalhos de desminagens que têm sido desenvolvidos em algumas localidades, ainda existem sinais de alerta, pelo que os bombeiros, com alguma frequência, chamam a atenção sobre a necessidade de se redobrar os cuidados.
De acordo com Wilson Baptista, o SPCB tem trabalhado na antecipação e, em função do mapa de risco, é elaborado um plano de prevenção e sensibilização, onde entram em contacto directo com a população, através dos meios de comunicação (sobretudo a rádio), para disseminar a informação sobre tudo.
As campanhas de sensibilização são interruptas e acompanhadas com as imagens dos engenhos explosivos mais comuns. “No período seco, as actividades se fazem com maior intensidade, tendo em conta a redução de outras campanhas como as relacionadas ao afogamento.
Nas regiões norte e leste do país, intensificamos, em função da cultura de queimadas”, sublinhou. Wilson Baptista apelou à comunidade em geral que tenham mais cuidado, sobretudo com crianças, para não se registar mais casos como o de Luanda, onde há busca por resíduos que podem ser comercializados.