As autoridades locais manifestam-se preocupadas com o facto de algumas crianças, no município da Ganda, em Benguela, estarem a trocar a escola pelo campo, gerando um nível de abandono escolar na ordem dos 23%. Apesar dessas percentagens, o administrador municipal, Francisco Prata, considera positivo o aproveitamento escolar no presente ano, embora ainda haja muito caminho pela frente até ao término do mesmo
O município da Ganda debate-se também com problema de exiguidade de escolas para retirar crianças que estudam em locais considerados inapropriados pelas autoridades. No município, é notória a presença de alunos em locais improvisados pela Administração Municipal face ao número reduzido de salas de aula para os absorver.
Se, por um lado, o administra- dor manifesta-se inquietante com o abandono escolar, atingindo a cifra de 23 por cento, por outro Francisco Prata sinaliza que estão projectadas, já para o próximo exercício económico, o de 2024, a construção de pouco de mais de 200 salas de aula para se inverter o actual cenário. Em relação ao abandono escolar, Francisco Prata elenca, entre outros factores, a prática de agricultura por parte de crianças, muitas das quais obrigadas por pais e encarregados de educação. Neste quesito, afirma que a sua administração deve, nos próximos tempos, sentar à mesma mesa com especialistas para procurar as melhores fórmulas de resolver o problema, sendo certo que a sensibilização às famílias se afigura como uma das vias.
“Também a questão, às vezes, da localidade onde as crianças estão. E um dos outros (factores) é a ausência de professores. Temos estado a ver que há professores que aparecem muito tarde ou não aparecem. Nós vamos desencadear um trabalho muito profundo para que este 23 por cento reduza de que maneira”, promete. No âmbito do programa de Infra-estruturas do município para 2024, estão projectadas a construção de mais de 200 salas de aula. Entretanto, diferente de cenário passados, dessa vez, o Governo escusar-se-á de construir de 7, 8, 9 salas de aula, mas far-se-á acordo com a necessidade de cada localidade.
Ou seja, se houver crianças só para três salas, então é este número que vai ser erguido, mas sempre com a perspectiva de poder evoluir. “Será um grande ganho, para tirar as crianças dos locais onde elas estudam, que, muitas vezes, não têm essas condições. E, por outro lado, um bom número de crianças que estão fora do sistema de ensino”, realça. Segundo constatação deste jornal, muitas escolas estão longe de zonas residenciais. Fontes do Gabinete Provincial da Edu- cação sustentaram a este jornal que, em muitos casos, administradores há que agem sem consultar especialistas do sector.
Alguns casos de abandono escolar – sustentam – já deviam ter sido ultrapassados se as escolas fossem projectadas mais próximas das comunidades e cita como exemplo o caso do Caimbambo, cujo politécnico, inaugurado recentemente pelo governador provincial de Benguela, está muito distante da zona de residência. Ao que se junta, igualmente, uma escola no Culango abandonada por falta de alunos. “Penso que deve haver mais colaboração”, sugere a fonte, sob anonimato.