A falta de um banco de sangue no único centro pediátrico do município de Caconda, na Huíla, constitui uma das maiores preocupações da direcção da referida unidade sanitária, que diariamente realiza seis transfusões de sangue aos seus pacientes. No entanto, há registos de pacientes que terminam em óbito por falta do “líquido vida”
A informação foi avançada em exclusivo ao jornal OPAÍS pelo director do Centro Pediátrico de Caconda, Luciano José Dumbo. O gestor hospitalar afirmou que por falta de sangue para a trans- fusão aos pacientes muitos casos terminam em óbito. “A falta de sangue nos preocupa bastante, porque temos uma média de cinco a três transfusões por dia.
Há questões mais complicadas que se não haver um atendimento diário pode nos levar a óbito”, frisou, acrescentando que “não temos um banco de sangue e nem sempre temos disponibilidade de sangue”.
O responsável salienta que, em algumas situações, até que as famílias se organizem tem sido tarde de mais”. Luciano Dumbo revelou que o centro conta com o apoio de alguns doadores voluntários, mas por falta de condições de armazenamento têm dificuldades de criar um estoque.
Segundo a nossa fonte, essa instituição funciona como um Hospital Municipal que trata de casos pediátricos, mas não tem um orçamento para atender as suas necessidades, tendo em conta as suas especificidades. De acordo com a nossa fonte, para além da falta de um banco de sangue, o Centro Pediátrico de Caconda precisa de mais enfermarias para atender casos de internamentos. Enquanto tal carência não é suprida, as crianças interna- das nesta unidade são obrigadas a partilhar uma cama duas pessoas. Situação essa que, segundo o nosso interlocutor, provoca embaraços no serviço dos técnicos de saúde.
“Este é um centro, mas em termos funcionais desempenha funções de um Hospital Pediátrico. Desde que este centro foi desmembrado do Hospital Municipal, enfrentamos enormes dificuldades por não ser uma estrutura com orçamento próprio”, frisou. O responsável conta que ”temos problemas de sobrelotação, porque este centro tem a capacidade de 30 camas e nós temos internados 50 pacientes”. “ O que faz com que em cada cama nós colocamos duas crianças”, justificou.
Cerca de 200 pacientes atendidos por dia Luciano José Dumbo informou ainda que o Centro Pediátrico de Caconda assiste diariamente cerca de 200 pacientes com diversas patologias, com destaque para a malária, doenças respiratórias agudas, anemia e má nutrição. Segundo o médico, a anemia e a má nutrição são as doenças que mais afligem a direcção do Centro Pediátrico de Caconda. Este centro funciona apenas com dois enfermeiros, um técnico de diagnóstico e terapêutica e um médico, o que tem dificultado os trabalhos no atendimento aos pacientes.
O director do referido centro, Luciano José Dumbo, disse que a escassez de recursos humanos, nomeadamente enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica tem beliscado a qualidade dos serviços prestados na unidade sanitária. “Temos falta de recursos humanos, sobretudo para o laboratório, médicos e enfermeiros.
Nós temos apenas um técnico de laboratório que diariamente tem a obrigação de atender entre 150 a 200 amostras, o que torna cansativo o trabalho”, frisou, salientando que necessitam de pelo menos mais três técnicos de laboratório. De salientar que a Caconda é um dos 14 municípios que compõem a província da Huíla. Localiza-se a norte do município do Lubango, capital huilana, numa distância de 238 quilómetros. A sua população, maioritariamente camponesa, está estimada em 186 mil habitantes.