Os moradores do município do Cazenga, em Luanda, queixamse de que têm sido alvos de constantes assaltos à mão armada nos últimos dias. Em muitos casos, os assaltos acontecem a luz do dia, tendo como principais vítimas os comerciantes (com realce para as peixeiras), taxistas e cidadãos estes africanos proprietários de cantinas.
Por: Domingos Bento
Segundo apurou o OPAÍS junto dos moradores, entre as zonas mais visadas constam a avenida Hoji Ya Henda, a rua da Cerração, as Comissões e a zona do Papá Simão. Nestas áreas, os populares contaram que o número de assaltos, nos últimos dias, disparou e têm feito muitas vítimas.
Os meliantes, segundo os denunciantes, actuam em grupos de quatro a seis pessoas que se fazem transportar sempre de motorizada, vulgarmente “moto rápida”.
Os mesmos andam habitualmente com armas de fogo e, em caso de resistência por parte das vítimas, disparam à queima-roupa. “Até ao momento, ainda não foi registado nenhuma vítima mortal. Mas a quantidade de produtos assaltados são avultados, com destaque para dinheiro, telefones, motorizadas e outros bens de grande importância”, desabafou o jovem M. F, morador da rua da Cerração que teme sofrer represálias.
Na Terça-feira, por voltas das 18horas, três meliantes que se faziam transportar numa moto rápida, abordaram uma viatura de marca Toyota Hiace, que fazia serviço de táxi na rota Asa Branca/Pedrinhas (Congolenses), e receberam, à força, os bens pessoais dos passageiros e o dinheiro que estava em posse do cobrador.
Um cidadão nigeriano, que andava com cerca de 230 mil kwanzas, tentou resistir ao assalto e foi violentamente agredido pelos meliantes, tendo lhe sido causado ferimentos no braço esquerdo. Já na Sexta-Feira, por volta das 17horas, na Avenida Hoji Ya Henda, nas imediações da Escola 15, outro grupo de quatro jovens, que se faziam acompanhar de duas motorizadas, interceptaram uma viatura Toyota Hiace, que fazia serviço de táxi na mesma rota. Na mesma viatura, seguiam três peixeiras que constituíam o foco dos meliantes.
Nesta acção, os mesmos receberam delas cerca de 900 mil kwanzas. De seguida, de forma a não serem perseguidos, os marginais efectuaram disparos nas rodas da frente da viatura. Relatos no local apontavam que as vendedeiras já estavam a ser perseguidas desde o mercado horas antes do assalto.
Pedro Adolfo, residente nas imediações, disse que tais práticas têm sido frequente naquela zona. Segundo o morador, apesar de haver policiamento nas ruas, a situação da segurança pública naquela municipalidade exige maior reforço de forma a proteger a vida dos cidadãos. “O problema é que, sempre que acontecem essas práticas, a Polícia nunca está presente. Os nossos agentes funcionam como funcionários públicos normais. Entram na via às 8horas e às 15 retiram-se.
E é justamente neste período que os meliantes aproveitam parafazer das suas”, disse. Razão pela qual, acrescentou, “se tivéssemos uma polícia mais comprometida com a vida dos cidadãos, não devíamos ter tantos assaltos assim”, lamentou.
Assaltos inibem uso de banda larga de Internet Segundo ainda os moradores, no perímetro da Escola 15 foi instala
da uma rede hi five para o uso de Internet gratuita. Mas a mesma não está a ser usada pelos populares devido aos constantes assaltos. “Muitos já viram os seus telemóveis assaltados.
Por isso é que ninguém ousa vir para aqui navegar. É bastante melindroso. A pessoa sai de casa para navegar mas acaba assaltada. A polícia precisa fazer alguma coisa porque senão vamos chegar a situações extremas”, desabafou Lídia Rufino, moradora da Comissão.
Moradores e vítimas devem apresentar queixas
Contactado pelo OPAÍS, o director do Gabinete Institucional e Imprensa da delegação de Luanda do ministério do Interior, Mateus Rodrigues, fez saber que a corporação ainda não recebeu nenhuma denúncia neste sentido. Contudo, apelou aos moradores e às vitimas dos assaltados a apresentarem queixa ao Comando Municipal do Cazenga de forma a se accionar as devidas medidas para pôr fim as estes actos.
As denúncias, segundo o oficial, podem ser feitas a qualquer hora do dia, tendo em conta que há um piquete que trabalha 24/horas para receber e atender todo e qualquer caso que atente contra a segurança e a tranquilidade públicas. Todavia, de forma a tranquilizar os moradores, Mateus Rodrigues avançou uma averiguação na zona que vai culminar com as tomadas de medidas necessárias”.
“Se as vitimas não apresentarem queixas fica difícil a polícia ter noção da gravidade do problema. Não há como se fazer um trabalho com vista a capturar agentes destes crimes. As pessoas devem ter o hábito de denunciar sempre que se confrontarem com alguma atitude que atente contra a segurança pública”, concluiu.