No terminal doméstico, Cabinda e Namibe constam das grandes opções, enquanto no terminal internacional Portugal é o país com a maior procura.
POR: Domingos Bento
Abarrotados e com um movimento fora do normal, é assim que se apresentam, nos últimos dias, os terminais aeroportuários de Luanda quer o doméstico como o internacional. Nesses dois pontos, a todo instante, como constatou OPAIS, chegam dezenas de viajantes que preferem, nesta ponta final do ano, largar a capital do país para rumarem a outras paragens. São jovens, adultos e até mesmo anciãos que escalam os aeroportos com as suas bagagens. Nas malas, levam presentes, roupas e outros aprumos de forma a transitarem para outros locais de forma sossegada.
Na sala de embarque, enquanto esperam pelos vôos, os viajantes falam de tudo um pouco, sobretudo da ansiedade dos locais para onde vão. Mas, enquanto a hora não chega, desdobram-se a acertar os detalhes finais e a fazer os últimos telefones avisando que estão a caminho. “Alô pai, deixei agora a casa e já estou no aeroporto. Estou a aguarda pelo vôo. Mas podem já se preparar para irem à minha busca no aeroporto. Assim que aterrar não quero demorar muito tempo na fila”, conversava ao telefone um jovem identificado apenas por Paulo, que falava com o pai enquanto andava de um lado para o outro na sala de embarque do terminal doméstico.
Neste ponto, a correria é frenética. Todos aguardavam a hora do seu vôo. A ideia é chegar cedo aos locais de destino. Na lista das preferências, as escolhas recaem para Namibe, Huambo, Benguela e Cabinda. É nesta última província que Maria Barros, 25 anos de idade, escolheu para a passagem de ano. Segundo a jovem, a opção por Cabinda deve se ao facto de o pai, que lá vive, a ter convidado para uma festa de família que visa saudar a entrada de 2018 e despedir- se de 2017 que, para ela, foi um ano bom por ter realizado muitos projectos pessoais. “Tive muitos sucessos.
E todos eles foram comemorados cá em Luanda, na presença da minha mãe e pessoas doutras famílias. Agora estou a partir para Cabinda para celebrar o fim de ano junto do meu pai”, explicou. É também para Cabinda que Miguel Sebastião se desloca. Além de celebrar a passagem de ano, o jovem, de 23 anos, vai igualmente celebrar junto com a família, a conclusão da licenciatura, um trajecto que, segundo contou, foi feito com muito sacrifício e dedicação. No entanto, há três anos fora do convívio dos pais, devido ao tenso período académico, Miguel Sebastião disse que é hora de celebrar a conquista que, para ele, é o sentimento do dever cumprido.
“Essa minha ida a Cabinda é uma verdadeira junção do útil ao agradável: a celebração do novo ano e a conclusão dos meus estudos. Então estou ansioso para chegar e desfrutar de todo o ambiente”. A província do Namibe é outra das zonas do país que por essa altura recebe igualmente inúmeros visitantes. João Bunga é um dos muitos luandenses que preferiu abandonar a capital do país para passar a passagem de ano nas terras da Weliwítschia Mirabilis. Conforme contou, é a primeira vez que para lá se desloca e invade-lhe um sentimento de ansiedade porquanto tem recebido boas impressões do clima e ambiente que lá se vive. “Este ano quis fazer diferente, sair um pouco de Luanda e procurar novos ambientes. E dentro das escolhas o Namibe foi a província que mais me chamou a atenção. Vou sozinho, mas tenho a certeza que encontrarei pessoas boas que me vão poder fazer companhia.
Preços a doer
Uma das grandes reclamações dos passageiros, quer no terminal doméstico quer no internacional, prende-se com os preços praticados pelas operadoras. Houve, segundo disseram, um aumento dos preços dos bilhetes de passagem, o que está a causar alguma indignação. Pedro Morais, que escolheu Lisboa/Portugal, para passar o final de ano, disse que teve que desprender cerca de 500 mil Kwanzas para pagar por um bilhete de ida e volta. Nos meses passados, conforme explicou, o preço era inferior ao actual. “Anteriormente a pessoa pagava apenas 450 mil Kwanzas.
Mas agora, por ser época das festas, tudo subiu. E é bastante complicado já que é uma altura em que há muitos gastos. Por seu lado, Mamadú Bari, afirmou que teve de pagar, pela Etiópia Air Line, 588 mil Kzs por uma viagem ao Canadá que anteriormente pagava cerca de 350mil. No seu entender, as operadoras não podem aproveitar-se do actual momento de festa para “apertar” ainda mais o bolso do cidadão. “Dói mano, mas não temos outras escolhas senão aceitar e pagar. Tenho já toda a família lá no Canadá, porque todos os anos é assim, passamos o Natal fora de Luanda. E desta vez não será diferente. Mas o preço que as operadoras estão a praticar é mesmo a doer”, lamentou.