Pai desde que o obrigaram a ser. A cara, como sempre dizem, é de ontem, deveria deixá-la para o dia anterior, mas insiste, transporta-a para tudo que é lugar. Um dia, esperamos que cedo, perceberá que é isso que lhe afasta das pessoas, mesmo quando tenta compensar com a inteligência que julga possuir. Esse, de quem falamos, caminha como se carregasse às costas as angústias desse mundo todo, como se soubesse o que lhe reserva o destino, esse tal que, sempre que lhe apetece, nos prega partidas, às vezes difíceis de suportar.
Machado, conforme lhe chamam, cansou de suportar o sol infernal da cidade e decide, entretanto, pousar o num desses bares situados a beira da avenida. Olha a frente, vê o bar do amigo de infância e decide lá ir. Senta na primeira cadeira que vê, chama o garson e faz o pedido. Enquanto aguarda, opta por manusear a aparelho que tem no bolso. Saca o dispositivo e acede as redes sociais, circula para cima e não vê algo de seu interesse. Vai para outra rede e ela, se depara com a mensagem de amigo. “Sei que ninguém espera ver isso, mas ela fez isso”. Machado pára, sente a vida lhe escapar entre os dedos e fecha a mão. Dá muro na mesa.
Assustam os que estão a sua volta. Com a cara já antiga, Machado lança o olhar para os que estão a sua volta e vê os rostos reprovando a sua ação. Volta a olhar para o telemóvel e diz a si mesmo. “Calma”. Pensa que expulsá-la de casa seja a alternativa certa, mas se lembra de Carlos que expulsou a filha e está foi oferecer a pouca vida que tinha, deixando Carlos aos prantos, arrependido de ter tomado tal decisão. – Vou dar uma surra nesta gaja – cogitou antes de mergulhar na onda dos porquês em busca das razões de tal acção.
Questiona ao amigo, como teve acesso ao vídeo. “Enviar-me, mas se quiseres perceber como aconteceu vá falar com ela antes de leres o que estão a dizer nos sites de fofoca. Machado não tem forças para se levantar da cadeira, sente como se tivessem pousado as dores mundo nas suas pernas, não tem coragem de ligar e prefere aceder as páginas de fofoca e saber o que diziam os internautas. Com os dedos corre para os comentários com a convicção de que lá encontraria a verdade. Machado percebe que em verdade foi tudo arquitectado pela moça com o propósito de passar por vítima diante da sociedade, e com isso ver sua imagem partilhada e comentada por todos.
Decide acreditar nessa verdade e se joga a responder à pergunta feita pela rede. Em que estás a pensar? A banalização da intimidade feminina nas redes tornou-se o método de promoção da imagem de novas prostitutas revestidas de influenciadoras digitais, começou por escrever. Organizações como a OMA e outras deveriam por pé nessas práticas de modo a preservar os valores da mulher angolana. Eu sou pai, tal como muitos e, confesso, tenho medo que essa prática seja vista como algo normal, tenho medo que as minhas filhas, no futuro, olhem para esse padrão de mulher como modelo a seguir.
Para o bem da nossa sociedade, deixo o meu apelo às instituições do bem, sugiro que criem formas de punir todas que optarem por ridicularizar o corpo e a imagem da mulher. doação polémica Emily Blunt surpreende ao revelar como foi beijar alguns actores com quem contracenou Se as escolas, as empresas e outras instituições optarem por punir ou mesmo afastar as pessoas envolvidas em escândalo sexuais, será um óptimo começo para mostrar ao estado, como pessoa do bem, a necessidade de se criar leis que salvaguardem o futuro da sociedade e bom-nome da mulher angolana.
Não podemos olhar para esses escândalos como “marketing”, pois marketing não é isso. Existem profissionais de marketing no mercado e as empresas deveriam procurar por estes profissionais para criarem óptimas estratégias para levar os seus produtos até o cliente final. Um produto publicitado por pessoas com um perfil inadequado não deveria ser visto como algo digno de consumo. A moça do vídeo é minha sobrinha, o que faço? Questionou Machado.