O comandante provincial da Polícia Nacional em Benguela, Aristófanes dos Santos, afirma que há ainda muitas armas de fogo em posse de quem não as devia ter, daí haver muitos crimes com recurso a esse tipo de arma. Neste particular, o responsável pede a colaboração da população para a inversão do quadro
Aristófanes dos Santos é de opinião que não se deve abordar esse assunto de forma isolada sem se ter em conta um passado recente de guerra em que o país esteve mergulhado durante anos. Este facto, na óptica daquela alta patente da Polícia Nacional(PN) em Benguela, influenciou, em certa medida, para que as pessoas tivessem em sua posse armas de fogo. “É uma situação que parece esquecida, mas podemos assumir aqui publicamente que ainda há algumas armas na mão da população”, refere, tendo manifestado preocupação para com um caso concreto, ocorrido recentemente, em que um filho furtava a arma ao pai e alugava a meliantes com a qual estes perpetravam acções delituosas.
“Já tivemos um filho que retirou a arma do pai, que era militar, e alugava a arma por trinta mil kwanzas. Então são casos muito concretos e não há assim um local para dizer que as armas saem do armazém X, ou Y. Por exemplo, as armas da Polícia estão de- vidamente controladas em paiol”, assegura, reconhecendo défice no capítulo formativo de alguns polícias. De acordo com o comandante Aristófanes dos Santos, cada caso que a corporação esclarece ou detém vai percebendo as origens de algumas armas de fogo, mas ainda assim pede à população a máxima colaboração possível para se retirar as armas em posse de quem nunca as devia ter.
“Nós, do ponto de vista da segurança pública, temos de estar to- dos unidos, para o mesmo fim: segurança, justiça e liberdade”, sugere, em entrevista a este jornal e à rádio Benguela. As declarações de Aristófanes dos Santos surgem na sequência de questionamentos de cidadãos sobre a origem das armas de fogo em posse de meliantes. Sublinhe-se, porém, que, nos últimos tempos, meliantes têm vindo a ostentar armas novas registadas como sendo da Polícia Nacional. Um cenário que vai preocupando a todos, nomedamente o Comando Provincial e cidadãos. Ciente da máxima segundo a qual o povo não precisa de discursos mas de segurança, o comandante da Polícia Nacional em Benguela diz haver um apurado trabalho em curso que concorre para a garantia da segurança, não obstante as dificuldades da sua corporação.
Neste particular, há uma série de entidades que têm vindo a ser chamadas para auxiliar a PN no combate ao crime em Benguela, de entre as quais os sobas, por lidarem com as comunidades. Desde já, o comissário considera a situação de segurança pública estável, apesar de se registarem um ou outro crime, mas o que lhe deixa satisfeito é o facto de que muitos dos quais não serem crimes de sangue, porquanto a vida humana é um bem absoluto que deve ser preservada pelo Estado. “Basta ver um homicídio para nos deixar de forma inquieta. Preferia ter dez roubos do que um homicídio, a vida é una e indivisível e devemos preservar”, considera.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela