Pelo facto de a doença vir acompanhada de sintomas de dor-de-cabeça e febres, os cidadãos acometidos por “dor-de-vista”, residentes em Mazozo, temem estar infectados por conjuntivite hemorrágica e clamam por ajuda para se livrarem dela
A escassez de informação em algumas comunidades do interior sobre os recursos da medicina convencional para lidar com o surto de conjuntivite, acompanhada dos sintomas acima referidos, que assola o país, está a levar moradores a se auto- medicarem com recurso a folhas. Isso ocorre, apesar de não conseguirem distinguir a conjuntivite hemorrágica da normal ou comum.Inês Paulino José, de 25 anos, moradora do bairro Augusto, na localidade de Mazozo, no município de Icolo e Bengo, em Luanda, conta que a falta de condições médicas e medicamentosa para atender doenças, força os moradores a buscarem tratamento fora do bairro.
No entanto, quando essa alternativa se torna complicada por causa dos mil kwanzas cobrados pelos taxistas que fazem o trajecto Mazozo (Icolo e Bengo) – Quilómetro 30 (Viana) e vice-versa, a população daí recorre às práticas de cura caseira. Aliás, Neusa, como é carinhosamente tratada Inês Paulino, que está infectada pela doença, revelou que, até à data desta reportagem, na manhã de Segunda-feira, 11, não foi ao posto médico, tendo-se socorrido, única e simples- mente, com água fervida da folha de malva.
“Olhe, essa folha é que nos alivia a dor de quase tudo aqui, cura-nos infecção urinária, serve-nos para os banhos pós-parto, como suador e calmante de febres e, agora estamos a usá-la para curar essa dor- de-vista”, contou Neusa, tendo realçado que, em Mazozo, a malva é a opção dos moradores. Outra preocupação da paciente tem a ver com o facto de a doença ser contagiosa e serem inevitáveis contactos entre membros da mesma família. “Isso é contagioso, a primeira pessoa que teve cá em casa é o meu bebé, depois passou para os outros dois. Só agora é que eu também estou afectada. Mas, nesse momento, estou a ferver essas folhas de malva para lavar a cara com a mesma água. Aqui em Mazozo, nós não nos desprezamos, por isso vamos todos contrair essa dor-de-vista”, enfatizou.