Cidadãos decidiram passar a quadra festiva em Benguela devido ao ambiente de “calmia” que caracteriza a cidade e as potencialidades turísticas, além, seguramente, das actividades músico culturais promovidas nesta altura do ano. Entretanto, para o asseguramento nesta quadra festiva estão mobilizados perto de 7 mil efectivos dos diversos ramos do Ministério do Interior.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
As operadoras nesta altura registam um fluxo de passageiros considerável. Contactadas pelo jornal OPAÍS, embora se recusassem em gravar entrevistas, o gestor de uma delas revelou incapacidade para fazer face à demanda, já outras, a exemplo da MACON, garantem que as condições de que dispõem correspondem às solicitações. Uma fonte da administração desta operadora avançou a OPAÍS que se fez um investimento na ordem dos USD 10 milhões na compra de novos autocarros. Diariamente, revela a fonte, saem para a capital do país, bem como para outros pontos, mais de 10 autocarros com todos os lugares preenchidos.
Mas, apesar de no capítulo da segurança os moradores de Benguela terem manifestado, nos últimos tempos, algum receio – a julgar pelos actos de delinquência perpetrados em alguns bairros devidamente identificados pela Polícia Nacional, – ainda assim, é grande o número de cidadãos, nacionais e estrangeiros que escolheram a cidade “mãe das cidades”, Luanda, como seu destino de eleição para passar a quadra festiva longe de casa. No entanto, se por um lado uns entram, por outro, há quem decida deixar a localidade de sua residência habitual (Benguela) para se juntar aos seus entes queridos noutras circunscrições do país. José da Silva é uma dessas pessoas.
O senhor conta que normalmente prefere passar a quadra festiva em Benguela, sua terra natal, mas, desta vez, por insistência dos filhos e netos, percorrerá cerca de 600 quilómetros para se juntar a eles. Não fosse o pedido dos seus, garante, seguramente preferiria Benguela a Luanda. “Lá (em Luanda) há muita con-fusão. É problema no trânsito, as acções de criminalidade, só para citar apenas estas”, justifica José da Silva. “Em 2012 passei o Natal e o Ano Novo aqui, mas desta vez vou a Luanda”, diz Ernesto Dumbo. Apesar de a capital do país ser bastante agitada, ainda mais nesta altura do ano, decidiu, por questões familiares, passar a quadra festiva perto dos parentes e reconhece que Benguela é calma, incomparável a Luanda.
Já Flora Daniel, abordada pela nossa reportagem quando embarcava para o Sumbe onde residem os pais, refere que a quadra festiva, sobretudo o Natal, deve ser passado em companhia da família, razão pela qual deixou Benguela por alguns dias. Questionada sobre as razões que a levam a escolher Benguela como seu destino de eleição, Guilhermina Isabel Daniela comungou da ideia de José da Silva e apontou os “pecados” da cidade capital, dos quais se destacam a delinquência, para a qual espera que os órgãos do Ministério do Interior dêem respostas. “Há muita confusão na capital.
O mesmo não acontece em Benguela, é calma. Também, antes que me esqueça, as praias aqui são muito lindas, o que me atraiu ainda mais. Vou citar uma: a ponta da Restinga. Sempre que venho cá, faço questão de lá ir”, confessou radiante a jovem, esperançada de que as festas de Reveillon, promovidas por vários agentes culturais, possam convencê-la. Face às reclamações de insegurança dos cidadãos, a Polícia Nacional garante o “máximo das suas capacidades” para afugentar quaisquer acções de criminalidade antes, durante e depois da quadra festiva.
O comandante provincial de Benguela, comissário Elias Luvulo, advertiu aos seus efectivos em parada, na Unidade de Protecção às Individualidades Protocolares (UPIP), que a corporação não vai tolerar comportamentos indecorosos de agentes, tendo igualmente chamado a atenção para os cuidados que os agentes devem ter com o álcool. Em declarações à imprensa, Elias Luvulu assegurou que estão criadas as condições humanas e técnicas. Justificando que neste período do ano a operacionalidade da Polícia Nacional aumenta, em função do movimento característico.
Deste modo, garante, estão mobilizadas forças suficientes estimadas em 7 mil homens, repartidos em 3.500 para o asseguramento ao Natal e o mesmo número para a passagem de ano, de modo a garantir uma quadra festiva segura. No boletim de criminalidade apresentado, a Polícia refere que desmantelou quatro grupos de supostos marginais e registou 2.944 crimes de natureza diversas no período que vai de 1 de Janeiro a 31 de Novembro. Há bairros, como o da GOA, que constituem preocupação para a corporação a nível de Benguela, mas o comandante revela “que a Polícia Nacional está a realizar operações nos bairros periféricos da cidade, denominada LUVUVUMA, que têm apresentado resultados satisfatórios, a julgar pelo número de detidos que temos tido. Estamos em crer que estas operações que estão a ser feitas e continuarão a ser levadas a cabo e reforçadas, trarão a tranquilidade”, assegurou.