Depois de ter sido agredida, a jovem mãe de 23 anos de idade, que conseguiu escapar das garras do agressor sem a sua filha, saiu em busca de auxílio dos vizinhos. Esta ocasião foi aproveitada pelo agressor, José Soares, de 32 anos, que terá arremessado a criança contra a parede e provocado a sua morte, tendo-se apoderado da menor.
Segundo os depoimentos dos vizinhos que saíram em socorro da família, o jovem permaneceu no interior da referida residência enquanto devorava os órgãos da menor. A intervenção dos vizinhos só foi possível mediante a entrada pelo tecto, como conta a testemunha Fátima Manuela.
“Quando chegou o socorro, ele já estava dentro. Um dos moços conseguiu entrar pelo tecto e encontraram ele e a bebé, já sem vida. Daí foi amarrado e trazido para fora de casa.
Ligamos para a polícia, que veio à sua busca, com a bebé já sem vida”, detalhou. Entretanto, os vestígios da violência ainda são visíveis na residência, como manchas de sangue na parede, parte do crânio da criança e as tripas.
A mãe da menor, identificada apenas por Elisa, descreve os momentos de terror que viveu horas antes de avistar o cadáver da filha de apenas um ano e seis meses de idade, cujos motivos ainda continuam por se descobrir. “Ele bateu a porta por duas vezes, depois arrombou.
Assim que entrou, eu saí do quarto para a sala, ele bateu-me com o pau na cabeça. Quando consegui agarrar no mesmo pau, também bati nele e, ao ver que estava estatelado, saí para pedir socorro, mas quando chegamos já era tarde. Encontramos ele a comer as tripas, os olhos e a língua da minha filha”, revelou.
Moradores pedem a presença da polícia no mercado
A dispersão das residências na localidade do mercado informal do quilómetro 40, na comuna do Hóque, município do Lubango, é apontada pelos moradores como sendo um dos factores que contribuem para a violência naquela circunscrição.
Para contrapor esta realidade, os moradores do quilómetro 40 pedem a presença efectiva da Polícia Nacional, que não possui um único posto naquele mercado informal, que serve de placa giratória, entre as províncias do Cunene, Namibe, Huíla, Benguela, Huambo, Luanda e Cuando Cubango.
“Queremos que a Polícia reforce a sua presença, eu liguei três vezes para o 111, mas ninguém atendia. Tivemos que ligar para um outro vizinho, que conseguiu ligar para o Posto Policial do Toco e, duas horas depois, vieram nos socorrer”, conta Fátima Manuela.
Outro morador, Domingos Chivela, que também testemunhou o facto, disse que ainda chegou a tempo de interrogar o autor do crime, ao que foi respondido por ele que fazia parte de um grupo composto por 10 elementos que se encontram a praticar tais actos no município do Lubango.
Soba diz que quimbandeiros estejam a influenciar o fenómeno
O soba da comuna sede do Hóque, Namuele Pedro Caita, revelou que na localidade que dirige existe um número considerado de quimbandeiros, facto que faz com que tais actos tenham lugar em função da crença ao feiticismo.
Apesar de o autor do crime não ser da localidade, a autoridade tradicional informou que o facto de a localidade do quilómetro 40 ser o ponto que congrega pessoas provenientes das províncias do Huambo, Benguela e Huíla traz consigo várias consequências, e uma delas é a onda de criminalidade.
“O meu colega viu o senhor que praticou esta acção e ele disse que veio do município de Caluquembe. Vamos trabalhar no sentido de esclarecer este caso, mas queremos aqui apelar aos jovens que não tenham pressa de ter bens materiais recorrendo à feitiçaria” recomendou.
Entretanto, a Polícia confirma a detenção de José Soares, depois de ter sido apanhando no interior de uma residência na localidade do quilómetro 40 a comer os órgãos de uma menor de um ano e seis meses.
De acordo com o terceiro subchefe da Polícia Nacional do Toco, município do Lubango, José Domingos, foram comunicados por via de uma denúncia anónima por vota das 22 horas da última terça-feira, que dava conta do ocorrido. O detido não era conhecido pela comunidade.