Depois do passamento físico de três alunos por afogamento, na passada Sexta-feira, 5 de Maio, na praia do Quilómetro 32, distrito do Ramiro, município de Belas, durante as aulas práticas de técnicas de sobrevivência no mar, os formandos foram dispensados das sessões lectivas, na semana seguinte
Segundo fontes liga- das à referida instituição de ensino, os cinco dias não foram suficientes para acondicionar a escola ao reatamento das aulas, tendo-se aprazado a retoma das aulas, por via de uma mensagem virtual aos estudantes, para 19 de Maio próximo do ano em curso. O choque psicológico que alguns alunos terão acusado, com a perda dos seus colegas, está entre as causas da nova decisão, à qual se associa a vontade dos mesmos pretenderem saber sobre alguns critérios de segurança que os no- vos dirigentes vão garantir. Importa referir que, na semana finda, o Ministério das Pescas
e Recursos Marinhos suspendeu a antiga direcção do CEFOPESCAS (Escola Técnica de Formação de Pescas) e criou uma comissão de gestão para administrar a instituição, como se pôde ler na mensagem da escola encaminhada aos alunos. Refira-se, igualmente, que, no novo figurino da equipa encarregue de gerir, temporariamente, a Escola Técnica de Formação de Pescas, consta a figura do responsável da comissão de pais e encarregados de educação, o que anima alguns alunos, que deram voz a O PAÍS, para quem a classe estudantil estará mais bem representada, já que são os progenitores que convivem com as dificuldades diárias dos estudantes.
“Com a integração de um pai, que sente, na pele, as dificuldades que o seu e os filhos dos outros encarregados, que ele representa, as nossas situações estarão atendidas”, disseram alguns for- mandos do instituto, que frequentam o curso de Electricidade Naval. Esses estudantes queixaram-se do facto de estarem a terminar a formação sem ‘nunca’ terem entrado num navio ou barco, para observarem como está disposta a instalação eléctrica de uma embarcação.
O atendimento dessas e de outras componentes técnicas e práticas dos cursos existentes na Escola Técnica de Formação de Pescas é um desejo que os formandos pretendem ver resolvido, de modo a não terminarem a formação sem a referida competência, que os habilita a trabalhar no sector. “O mar colheu um dos cinco grupos da prática” Entre os futuros técnicos de ciências marinhas, naval e pesqueiras ainda paira a inquietação de o azar ter batido a porta do último grupo a praticar as técnicas de sobrevivência no mar, quando de Segunda a Quinta-feira, 4 de Maio, os quatro grupos saíram intactos das aulas, na praia do Quilómetro 32.
“O mar só colheu os três elementos do grupo dos pré-finalistas do curso de técnica de pesca- do, o que pode fazer que os colegas desse curso, daqui para frente, já não sejam os mesmos”, referiram alguns estudantes do curso de motoristas práticos, tendo comparado a situação dos visados com a sua cuja aula prática realizaram dias antes daquela que eles já denominaram como Sexta-feira negra do CEFOPESCAS.
Dirigente da escola não consente nem desmente
Contactada uma funcionária sénior da direcção cessante, cujo no- me pediu para não ser citado nessa reportagem, ela disse que não podia adiantar muitos pormenores, pelo facto de não estarem autoriza- das pelo seu ministério, tendo, entretanto, deixado escapar que o caso já está a ser tratado pelos órgãos de justiça. “Por isso, remetovos mesmo ao Ministério das Pescas e Recursos Marinhos que tem a autoridade para falar sobre o sucedido e a situação actual do instituto do Ramiro”, disse a técnica. Relativamente à nova comissão de gestão, ela não consentiu nem desmentiu.