O Centro de Tratamento de Pandemias e Endemias (CETEP), localizado no Calumbo, em Luanda, registou, de Novembro de 2022 a Outubro de 2023, 9.802 doentes com tuberculose, sendo 365 de multi- drogas resistentes, de acordo com o director geral, António Capita
Decorre no CETEP o II workshop sobre doenças infeciosas, sob o lema “Pensar Tuberculose 2030”, que visa reflectir sobre os múltiplos desafios que temos pela frente, para além de velar por todos os aspectos epidemiológicos, sociodemo- gráficos e todos os determinantes de saúde que contribuem para o aumento da incidência da doença.
Em entrevista à imprensa, o director do referido centro, António Capita, disse que 9.802 doentes com tuberculose, num período de praticamente um ano e, deste número, 365 casos foram de multi-drogas resistentes (TB-MDR).
Deste modo, a taxa de mortalidade líquida por tuberculose oscila entre 28-32 por cento.
A Tuberculose multidrogas resistentes é a que mais preocupa, uma vez que traz sequelas, pois muitos destes doentes ficam com danos irreversíveis no pulmão, provocando um consumo elevado de oxigénio, o que aumenta os custos para o CETEP. António Capita assegurou que, para contrapor muitos dos desafios a nível da instituição que dirige, foi traçado como principais linhas de acção a potencializar dos recursos humanos, o investimento forte na formação e capacitação permanente dos seus profissionais.
A inovação tecnológica, de modo a aprimorar o diagnóstico precoce da tuberculose, com especial realce para o exame cultural, bacteriológico, testes de sensibilidade aos antibacilares, serão também tidos em conta. Considera ainda importante que se conclua a segunda fase do Hospital, porque com a ampliação das infraestruturas e o apetrechamento com meios cirúrgicos poderão ver resolvidos um dos problemas que muito aflige os pacientes.
Tuberculose problema de saúde pública
Por outro lado, o secretário de Estado para Área Hospital, Carlos Pinto de Sousa, referiu que em Angola a tuberculose é um problema grave de saúde pública e constitui a terceira causa de mortalidade. Em 2022 foram notificados 69.259 novos casos de tuberculose de todas as formas, o que representa um aumento de 7 por cento em relação ao ano de 2021. Este facto foi atribuído à redução do acesso ao diagnóstico e tratamento da tuberculose, devido ao confinamento observado durante a pandemia da COVID-19. Durante o primeiro trimestre de 2023 foram notificados 50.612 casos de TB, dos quais 3.509 em crianças menores de 15 anos e 3.087 casos com infecção tuberculose/HIV.
“A tuberculose constitui um obstáculo ao progresso e desenvolvimento de todos os países do mundo e Angola não é uma excepção. O combate é decisivo para a construção de um futuro melhor e mais próspero a nível global e nacional”, advertiu, o dirigente. Carlos de Sousa considera que o elevado fardo de morbilidade e mortalidade tem um impacto negativo para a saúde e a economia das famílias, das comunidades e afecta o desenvolvimento nacional, pelas consequências sobre o absentismo escolar e laboral e da perda de produtividade que o país sofreu com esta emergência de saúde pública. “Precisamos agir agora e pôr fim a tuberculose até 2035”, sugere.
Esperanças depositadas no plano
Considera que a análise deste tema demostra a importância dos profissionais incorporarem conhecimentos, para acelerar a luta contra a tuberculose, colocando as pessoas no centro da sua actuação, com uma abordagem inovadora, transversal e multissetorial, para que está terrível doença deixe de ser uma ameaça à saúde pública nacional, regional e global. Foi actualizado o Plano Nacional de Tuberculose (2023-2027), discutido no dia 8 do corrente mês, apre- sentado e discutido com todos sectores chaves.
“Pretendemos também reforçar a mobilização de recursos e garantir que os parceiros, o sector priva- do e as organizações da sociedade civil, bem como o mundo académico, dediquem mais atenção ao reforço urgente do investimento na luta contra esta doença, na investigação, para acelerar o seu controlo”, disse.
Considera que este plano estabelece metas ousadas para reduzir a incidência da tuberculose, expandir o acesso a tratamentos de alta qualidade, melhorar a prevenção e promover uma abordagem centrada no paciente. “As suas estratégias estão assentes em três componentes prioritárias de intervenção estratégica, como cuidados de prevenção integrada, centra- dos nos doentes, políticas e sistemas de apoio resiliente, intensificação da investigação e inovação”, finalizou.