Os funcionários das hemodiálises de Benguela e Lobito ameaçam paralisar novamente as suas actividades laborais, caso a entidade patronal não honre com os compromissos de pagar os cerca de 4 meses de salários em atraso
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Os funcionários das hemodiálises de Benguela e Lobito ameaçam paralisar novamente as suas actividades laborais, caso a entidade patronal não honre com o compromisso de pagar os cerca de 4 meses de salários em atraso. Os 120 funcionários sentem-se defraudados devido ao incumprimento das promessas feitas pela Administração do Instituto Angolano do Rim. Segundo soube este jornal, este está de mãos “atadas”, dependendo entretanto de pagamentos do Ministério das Finanças, na sequência da dívida que o Ministério da Saúde tem para com a instituição.
O moral dos funcionários é bastante baixo. “Não houve melhoria quanto à compra de material como para honorários dos funcionários. Não foi feito mais nenhum pagamento relativamente aos pagamentos dos honorários, nem para compra de medicamentos e materiais gastáveis”, lamentou o director clínico da Hemodiálise de Benguela, nefrologista Alcides Tomás, em declarações à imprensa. Em Novembro deste ano, os 220 funcionários tinham paralisado as suas actividades laborais como forma de pressionar a entidade patronal a liquidar os seis meses de salários em atraso. Entretanto, depois de uma reunião que mantiveram com a diarrecção do Instituto Angolano do Rim, entidade que tutela os centros de hemodiálises, na clínica do Lobito, os funcionários retomaram os trabalhos mediante a promessa de pagamento de três dos seis meses de salários em atraso, facto que chegou a ocorrer.
E, no entanto, tinha ficado a garantia de que, num curto espaço de tempo, ou seja, antes da quadra festiva, proceder-se-ia ao pagamento dos meses em falta. “O último mês pago foi Setembro, não temos Outubro, Novembro, Dezembro e Décimo Terceiro”, revelou o responsável, insatisfeito com o cenário que se vive, temendo igualmente pela vida de centenas de pacientes que acorrem à unidade sanitária. As coisas continuam na mesma. Logo a seguir a reunião de Novembro, fruto das promessas administrativas, os funcionários estavam bastante entusiasmados, motivados e dispostos a darem o seu máximo em prol dos pacientes.
De acordo com o nefrologista, a informação que recebe da entidade de tutela é que existe um dossier, um pagamento a ser processado/efectuado pelo Governo. Mas, “até ao preciso momento, nós não verificámos precisamente nada”, lamenta. Neste sentido, e não havendo materiais gastáveis, medicamentos e outros meios essenciais, os pacientes estão sujeitos a vários riscos. O responsável elucida que um deles é o de contrair infecções, anemia, por exemplo. “O paciente tendo anemia está mais sujeito a infecções. Sem o material de assepsia, que é realizado durante o processo de ligar e a desligar os pacientes, também fica redobrado este processo. É um risco muito grande de infecções, podendo estas infecções, não detectadas de forma precoce, resultar em óbito”, exemplifica. OPAÍS tentou sem sucesso contactar o responsável do Gabinete Provincial da Saúde de Benguela..