O país vai contar com o segundo Centro de Formação Internacional de Língua Portuguesa no campo da Meteorologia a nível do mundo — depois do Brasil —, após a reabertura desta infra-estrutura que existe desde 1980, segundo o director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET), João Afonso
O país vai contar brevemente com o segundo Centro de Formação Internacional de Meteorologia de Língua Portuguesa a nível do mundo, uma infraestrutura que já tem formado cidadãos nacionais, em função da necessidade de cada província, mas que até 1980 formou cidadãos estrangeiros nesta matéria, pertencentes aos países de língua portuguesa. Segundo o director-geral do INAMET e representante de Angola na Organização Mundial de Meteorologia (OMM), João Afonso, Angola tem o centro desde 1980, na época do conflito armado e teve que parar as suas actividades internacionais, pelo que deverá ser reactivado de acordo com os compromissos actuais, para a formação dos países de língua portuguesa e outros do continente africano.
Desde a data, até ao momento, apenas ministravam cursos aos nacionais, nos vários sectores, de entre os quais a Força Aérea Nacional, a Marinha de Guerra, o Ministério da Agricultura e reforço aos técnicos do INAMET. Em 2019, a OMM criou uma agenda para avaliar os centros regionais que estão desactivados. Em 2022, o secretariado da OMM visitou o país e a comissão constatou os novos laboratórios e os equipamentos usados pelo INAMET e concluiu que Angola tem muito para acrescentar a nível da região, pelo que foi solicitada a reactivação do centro de formação.
No último congresso da região de África, realizado este ano, no mês de Janeiro em Adis Abeba (Etiópia), foi proposta também a reactivação do centro de Angola, até porque muitos técnicos já se encontram aposentados e há a necessidade de se formar novos técnicos para colmatar o défice. Em Genebra, à margem doutro congresso da OMM foi aprovada a proposta de reactivação do centro em questão.
O centro regional de treinamento e formação de Angola, situado no INAMET, está no plano estratégico da OMM para ser reactivado até 2027, e um dos equipamentos que despertou a atenção da equipa da OMM foi o laboratório de calibração de sensores meteorológicos, sendo o único em África com aquele material.
“Reaberto o centro a nível do país, os estudantes terão a oportunidade de verem como funciona na prática, para além do radar meteorológico que está no novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, o primeiro no país”, disse.
O INAMET apela à população a acompanhar as previsões diárias
Quanto aos raios que se observam neste período chuvoso e que têm provocado várias mortes, João Afonso explicou que é normal que se registe trovoadas neste período do ano e, por conta disso, o INAMET todos os dias divulga as previsões do tempo, nos meios de comunicação, pelo que apela à população a que esteja atenta às informações.
O INAMET está a desenvolver uma aplicação para a emissão de alerta de raio, o produto será aplicado nas empresas, sobretudo as que trabalham a céu aberto e subestações de energia. Em função da solicitação das empresas, o INAMET poderá definir o tempo de antecedência de emissão do alerta e o período em que poderão mobilizar os funcionários para uma determinada instituição.
“ Vamos enviar mensagens, ligar e informar que vai chegar uma tempestade que vai durar um determinado tempo e carregada de raios. O mesmo alerta para a população em geral é complexo, porque no acto da parceria com alguma empresa que solicitar o serviço, é definido o responsável que recebe o alerta e mobiliza o pessoal. Para a população não é viável porque não temos como definir um mecanismo de localização”, frisou, João Afonso.
A nível do país, em média, se registam seis meses de chuva e seis secos, porém as estações sazonais são trimestrais designadamente verão, outono, inverno e primavera.
Em breve o INAMET vai lançar um aplicativo móvel, onde todos poderão ter acesso as informações de previsão diária de alerta meteorológico.