Quando a 14 de Março as referidas forças sindicais realizarem a sua assembleia geral estarão em condições de determinarem se avançam ou não com a decisão da greve anunciada para o primeiro trimestre de 2024
O secretário para administração e finanças da União Nacional de Trabalhadores de AngolaConfederação Sindical (UNTACS), Adriano dos Santos, disse ao jornal OPAÍS que a sua organização, a Central Geral dos Sindicatos Livres e Independentes de Angola (CGSILA) e a Força Sindical reuniram, recentemente, com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), tendo esta instituição do Governo apresentado um pré-acordo quadrienal. “Na reunião de 26 de Fevereiro último, nós recebemos do MAPTSS um documento indicativo de um préacordo com a tónica de revisão da condição do trabalhador, de quatro em quatro anos.
Por isso, vamos examiná-lo com toda cautela e só depois da assembleia de 14 de Março de 2024, vamos apresentar a nossa contra-proposta”, declarou Adriano dos Santos, tendo acrescentado que, enquanto se registar esse intervalo de tempo, a acção de comunicação com todas as organizações sindicais vão continuar na mesma ordem nacional. De acordo com o representante da UNTA-CS, o documento refere sobre critérios de tratamento de algumas exigências dos sindicatos, mas a um nível muito reduzido daquilo que é a pretensão dos defensores dos trabalhadores, começando pela revisão das condições dos funcionários, de quatro em quatro anos.
Embora os dirigentes das organizações sindicais tenham determinado analisar cuidadosamente e ponto a ponto a proposta de préacordo apresentada pelo MAPTSS, Adriano dos Santos pôde depreender que o horizonte temporal constante no mesmo, que contempla o tratamento da condição do trabalhador, revela, por si só, uma intenção clara de lentidão na adequação dos ganhos dos trabalhadores com uma realidade sócio-económica em alteração constante. Aliás, o representante da UNTA-CS reclamou sobre a indiferença que as entidades do Governo estão a demonstrar nas negociações, ao ponto de irem à mesa com as forças sindicais, quando o interesse se-lhes revela favorável.
Vale lembrar que as organizações sindicais aventaram a possibilidade de convocar uma greve nacional de todos os sectores produtivos do país, caso o Presidente da República não acedesse às suas reivindicações apresentadas numa nota de repúdio à nova tabela salarial aprovada pelo Executivo angolano. Em voga, está o facto de as mesmas não se reverem no valor percentual definido pelo Governo, referente ao aumento do salário mínimo nacional, na ordem dos cinco por cento, que, por sinal, já se reflecte nos vencimentos dos funcionários públicos, desde Janeiro último.
Outra insatisfação tem a ver com o facto de as suas organizações terem sido excluídas da auscultação sobre a situação sócio-económica do país, o que, na óptica dos sindicalistas, contradiz o regulamento do Conselho Nacional de Concertação Social, que prevê duas reuniões anuais. Sob o comando do actual Governo as forças sindicais alegam ter participado numa só reunião.