Um grupo de oito mulheres chinesas foi atraído daquele país asiático para o território nacional, por um casal da mesma nacionalidade, com promessa de bom emprego com salários bonificados. No entanto, acabaram por ser obrigadas a se prostituírem num casino, em Luanda
A informação chegou ao conhecimento do Serviço de investigação Criminal (SIC) que prontamente destacou uma equipa de peritos que deteve os cidadãos que estão a ser indiciados na prática dos crimes que configuram associação criminosa, tráfego de seres humanos e lenocínio.
“Elas foram submetidas a uma actividade [sexual] forçada: contra a sua vontade. Há um flagrante e é sobre isso que eles estão indiciados”, descreveu o porta-voz do SIC-Geral, Manuel Halaiwa, referindo-se à situação das cidadãs chinesas, postas, provavelmente, em cativeiros pelos seus próprios concidadãos. O casal foi apresentado à imprensa, ontem, pelo SIC, no Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, onde o porta-voz desse órgão referiu que a detenção resultou de um aturado trabalho de investigação criminal, em que os implicados foram surpreendi- dos em flagrante delito.
Acrescentou que, mediante uma minuciosa revista feita no hotel de- nominado Casino Hotel- KTV, foram encontradas as oito chinesas, com idades compreendidas entre 31 e 44 anos, que estavam tranca- das na unidade hoteleira. “Foi detido um cidadão de nacionalidade chinesa. Este é citado como aquele que tem estado a recrutar cidadãs em território chinês para trabalhar em Angola. Postas em Angola, ficam a aguardar a assinatura de contrato de trabalho. Enquanto isso, são submetidas a serviços sexuais a troco de uma remuneração de 500 mil kwanzas, mensalmente”, detalhou.
O oficial de investigação criminal referiu que o casal que gere e reside naquele hotel, localizado no município de Viana, ameaçou as vítimas retendo consigo os seus passaportes, alegadamente para regularizar a sua situação migratória, no país. As denúncias chegaram ao SIC de fontes anónimas, o que permitiu a elaboração de um processo-crime e o desenvolvimento de diligências que culminaram com a detenção do casal bem como a apreensão de grandes quantidades de preservativos. Os investigadores recolheram ainda no local seringas que eram utilizadas para injeção intravenosa de drogas específicas para este exercício, o que poderão ser usa- das como prova material.
No local, foram, também, encontrados objectos eróticos disponibilizados pelos acusados. No entanto, Manuel Halaiwa avança que não foi ainda possível apreender qualquer soma monetária resultado dessa ilicitude, o que, garante, o SIC está a trabalhar, neste sentido. Nesta altura, disse, as vítimas encontram-se no local, em segurança, e na companhia de outras concidadãs, para, depois, receberem as orientações sobre a sua permanencia ou não, no país, que serão emanadas das autoridades competentes em termos migratórios.
Sublinhou que as vítimas não apresentam sinais de estado clinico degradante, a despeito de estarem numa condição indigna pelo facto de verem, na altura, barra- das a sua liberdade de disposição sexual. Por fim, explicou que esta situação dura desde Abril de 2022, altura em que os serviços migratórios do país registaram a entrada dessas cidadãs estrangeiras em solo nacional.