Trata-se das zonas do município de Icolo e Bengo (Luanda), que vão desde Cate- te até Maria Teresa. Quando isso acontecer, os populares dessas regiões poderão ver minimiza- do o problema da fome de que se queixam, diariamente
A empresa de construção civil Carmon vai instalar, nos próximos dias, cozinhas comunitárias em alguns bairros localizados nas proximidades do troço Catete-Maria Teresa, no município de Icolo e Bengo, em Luando, perímetro da Estrada Nacional Número 230 (EN-230) que a construtora deve reabilitar, no prazo de mais de dois anos. Esta garantia foi avançada pela assessoria de comunicação da referida instituição, que justifica esses programas de apoio às comunidades afastadas do casco urbano com o cumprimento das suas responsabilidades sociais. Além do apoio alimentar, a Carmon desdobra-se para desenvolver, nas mesmas áreas, o projecto de alfabetização de jovens e adultos, a fim de reduzir o índice de analfabetismo.
Nesta empreitada, a construtora afirma-se como potencial parceira do Ministério da Educação (MED), com o qual assinou, em Setembro último, um protocolo de parceria. Outra sorte que os jovens das localidades de Catete, Cassoneca (Calomboloca), Barraca e Maria Teresa poderão ter é a de ganharem alguns postos de trabalho temporários, já que a empresa de construção presta uma atenção dirigida neste sentido. Passado quase um mês, desde que se tornou público a adjudicação da obra à Carmon, a empresa de construção já se instalou na região de Cassoneca, onde construiu o seu estaleiro.
Os trabalhos de preparação primária estão engajados na delimitação e terraplanagem de vias desviadas da Estrada Nacional 230, entre a sede municipal do Icolo e Bengo e a de Calomboloca, de modo a servirem de alternativa, quando a principal estiver a ser intervencionada. Quem já se informou dos benefícios que as obras da Carmon levam às localidades próximas das empreitadas é o soba do bairro Barraca, Martins Pascoal Dumba de 70 anos de idade, que louva o exemplo de cumprimento de responsabilidade social e o comprometimento que os dirigentes dessa empresa de construção civil têm com as necessidades locais.
O velho Martins, como é conhecido entre os habitantes da Barraca, informou sobre as carências alimentares da sua área de jurisdição, adiantando que a situação dos populares daí só não pioram, porque a agricultura rudimentar e familiar de sobrevivência, que praticam em época chuvosa, lhes proporciona alguma quantidade para consumo e venda de tomate, cebola, milho e mandioca. A localidade está também agraciada com alguns frutos silvestres, como a múcua e outras espécies não muito comuns, que os moradores preferem chamar de coconote, de acordo com o aldeão, que se queixa da fraca clientela nos últimos dias. Mesmo assim, o septuagenário destacou a procura do carvão produzido na região da Barraca, tendo admitido que, de algum tempo a esta parte, é o produto com mais saída. Por causa disso, ele aplaude a iniciativa da Carmon. “Não importa se o nosso bairro será o primeiro a ser contemplado ou não, mas o apoio deles é algo que de- vemos considerar como positivo”, frisou o soba.
Alfabetização efectiva sonho dos mais velhos
Relativamente ao projecto de alfabetização, Martins Pascoal Dumba disse que o seu bairro é integrado por muitos adultos que não tiveram oportunidade de estudar e que, por conta disso, não sabem ler, nem escrever. Em tempos idos, ele e o seu adjunto tentaram levar um programa do género, mas a falta de apoio em materiais de ensino e de aprendizagem deixou-os pelo caminho. “Então, se vem uma equipa mais organizada, as mamãs e os papás vão agradecer muito”, salientou o soba Martins. Dona Isaura, Helena e Luzia vêm nessa política da Carmon oportunidade para darem seguimentos aos seus estudos, abandonados há muito tempo, por conta da luta pela vida dos filhos e dos netos.
O que as anima é o facto de saberem que o programa de recuperação da formação contempla até os que já concluíram a 3ª e a 4ª classe. A mesma expectativa criaram algumas senhoras da localidade de Maria Teresa, que revelaram terem já solicitado esses serviços aos dirigentes da única escola primária e secundária. “Quase todas nós, as mais velhas deste bairro, queremos mesmo estudar, mas a nossa escola daqui não tem curso nocturno. Então, se vem um projecto desse é a grande oportunidade para nós aproveitarmos”, enalteceram Eva Maria António e Engrácia Joaquim Manuel. Tudo que estas mulheres que- riam, num passado muito recente, era que se instalasse energia com capacidade de suportar a iluminação na escola local, para seguirem com os seus estudos. “Mas, sempre que fazíamos esse pedido, a coordenação só nos dizia que isso dependia do município”, disseram, tendo revelado que elas próprias acabaram por perceber que os dirigentes municipais também dependiam dos seus superiores.
Saudada merenda para crianças
As mulheres de Maria Teresa e da Barraca estão esperançosas de que as duas localidades sejam contempladas com o programa de instalação de cozinhas comunitárias e assistência alimentar da Carmon, a fim de verem minimizadas a dificuldade de garantir uma refeição diária condigna. “Nós temos muita dificuldade de alimentar os nossos filhos. Se vier um apoio desse, as nossas crianças vão poder tomar diariamente uma refeição mais quente”, disseram as senhoras, referindo-se às sopas, que, normalmente, constituem o menu prioritário dessas cozinhas. A classe feminina dessas zonas do Icolo e Bengo alimenta também esperança de vir a ter uma oportunidade para trabalhar nos serviços complementares das cozinhas comunitárias, como fazem questão de referir a limpeza do local e da louça, bem como na higienização dos produtos alimentares, além de manifestarem disposição para a confecção das refeições.
Ensino secundário garantido aos filhos
No capítulo do ensino para os filhos, os habitantes de Maria Teresa dão-se por contentes, porque a única instituição do ensino possui os níveis primário e secundário, o que facilita as crianças e os adolescentes da localidade frequentarem da 1ª à 9ª classe. Depois disso, seguem para a sede de Icolo e Bengo ou de outros municípios, como de Viana, Cazenga e Cacuaco para darem continuidade aos estudos. Na localidade da Barraca, os habitantes louvam a ampliação da única escola de três para sete salas de aula, entretanto, reclamam da falta de professores efectivos. Até à semana passada, 14 jovens do bairro, que já finalizaram o ensino médio, é que asseguram as aulas nos turnos da manhã e tarde, segundo informou o soba Martins Dumba. De acordo com o decano, existe uma promessa da ad- ministração de apoiar esses professores, de modo a encorajá-los a prosseguirem com a missão.