“Queremos estudar…. Queremos estudar….” Clamava, ontem, um grupo de estudantes que decidiu percorrer algumas das principais avenidas da capital do país, proveniente do Instituto Técnico de Saúde de Luanda (ex- IMS) até ao Ministério da Educação, em protesto pelo facto de não terem sido admitidos no ensino médio
Por: Paulo sérgio
Gabriel Uandalipe, um dos manifestantes, declarou a OPAÍS que procederam daquela forma pelo facto de os seus nomes não constarem na lista dos candidatos admitidos no Instituto Técnico de Saúde de Luanda. “
Os nomes que saíram são de pessoas que não madrugaram como nós para conseguir uma vaga”, apontou emocionado. Delfim Alberto Senga, um dos estudantes, revelou que aderiu ao convite para manifestar-se pelo facto de não constar entre os candidatos apurados nas quatro instituições do ensino médio em que se inscreveu.
O adolescente que dentro de 16 dias completará 16 anos, detalhou que concorreu a uma das vagas desponíveis designadamente no IMS, no Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL), Instituto Médio Comercial de Luanda (IMCL) e no Instituto Politécnico de Cacuaco.
“Estou admirado porque o meu nome não saiu em nenhuma, mesmo tendo boas notas”, lamentou. Por seu turno, Júnior Domingos declarou que, à semelhança do seu colega, inscreveu-se em cinco escolas e em nenhuma delas foi seleccionado.
Até à manhã de ontem, a sua esperança repousava no IMS, pelo facto de ter sido a última instituição a publicar as listas. “
Os nomes que saíram são de pessoas que supostamente pagaram. Nós, que não fizemos isso e passamos lá a noite, fomos preteridos”, considerou. Adolfo Pedro, outro manifestante, explicou que foram atendidos no Ministério da Educação (MED) por um seu quadro sénior, que os orientou no sentido de criarem uma comissão constituida por cinco pessoas para que consigo se deslocassem ao IMS e averiguar as denúncias.
Ao que os estudantes recusaram, alegando que o director do IMS não se encontrava na instituição e que não já seria possível resolver o imbróglio. Segundo o nosso interlocutor, marcharam em protesto, exibindo cartazes, até à sede do MED pelo facto de a direcção da escola ter-se alegadamente recusado a prestar quaisquer esclarecimentos aos candidatos não admitidos.
“Alguns agentes da Polícia vieram conversar connosco, de forma pacífica, mas era isso que esperávamos”, declarou. Adolfo Pedro questionou também o método de selecção dos candidatos, uma vez que não foram submetidos a testes de admissão. “Penso que todos nós devíamos ser submetidos a um exame de aptidão”, frisou.
Da sede do MED, os manifestantes rumaram ao Gabinete de Educação de Luanda com um único propósito: exigirem alguma explicação. Alguns dos estudantes invadiram a recepção e as escadas que dão acesso ao gabinete do director, e, repetidamente gritavam as seguintes palavras, “Queremos estudar… Queremos estudar…”. No local, foram informados que a gestão do IMS não depende do referido gabinete,porém do Ministério da Educação e da Saúde.