A informação é do presidente da Associação Provincial dos Camionistas de Benguela, Nelo Moreira, que se queixa de dificuldades financeiras dos associados para substituir os veículos com mais de 30 anos em circulação pelas estradas do país.
“Temos veículos de 1980 que participaram nas colunas [enquanto o país estava em guerra]”, avançou, em entrevista à ANGOP, visivelmente apreensivo com os problemas que uma frota antiga acarreta, entre eles o risco de segurança das estradas.
Segundo o responsável, a frota de Benguela está quase toda obsoleta e os camionistas ainda estão a trabalhar no transporte de cargas com carros do tempo das colunas, como Scania F12 e Volvos FH antigas.
Alega que esta realidade vivida na província de Benguela deve-se ao facto de os camionistas nunca terem sido abrangidos pelos apoios financeiros do Estado ao nível das linhas de crédito.
Por falta de incentivos financeiros, lamenta que a maioria dos associados tenha abandonado a instituição nos últimos tempos. “Já tivemos 400 e tal membros.
Mas, por causa da situação do país, a maior parte deles foge do associativismo, porque nunca temos nada para oferecer aos nossos associados”, revelou. Acrescentou Nelo Moreira que a Associação Provincial dos Camionistas de Benguela controla, hoje, pouco mais de 80 associados e uma frota de, aproximadamente, 700 camiões antigos.
Diante da situação, ele defende a abertura de linhas de crédito para ajudar os camionistas a comprar novos veículos, resolvendo assim a questão da renovação da frota de camiões de carga O entrevistado sugere que as autoridades de direito deveriam ajudar os camionistas da mesma forma como têm vindo a apoiar os operadores do transporte colectivo de passageiros da província de Benguela, contemplados com novos autocarros. De acordo com ele, se os operadores do transporte de passageiros conseguem pagar os autocarros, os camionistas também vão fazê-lo.
“Nós do ramo dos transportes rodoviários de mercadoria não somos tidos nem achados”, reinvidica, apontando avultados investimentos nos caminhos-de-ferros, portos e aeroportos.
Contudo, nota que os transportes rodoviários de mercadorias foram esquecidos, não obstante que tivesse insistindo de que os associados teriam capacidade de pagar, caso os bancos apoiem.
Tudo porque, segundo ele, o mercado de frete rodoviário no país está favorável, sendo 70 a 80 por cento da carga alimentos da cesta básica, além de produtos do campo.
Com isso, Nelo Moreira defende que os associados teriam alguma capacidade financeira para fazer face a eventuais linhas de crédito junto das instituições financeiras, bastando apenas o aval do Estado.
“Temos tido muito trabalho”, disse. Era uma altura boa para conseguirmos financiamento, comprar carro e pagar ao Estado”, notou, acentuando a ideia de que os camionistas de Benguela estão a escoar muita carga.
Por outro lado, também fez saber que os camiões de Benguela carregam diversos produtos para todas as fronteiras do país, destacando a República Democrática do Congo (RDC), Namíbia e Zâmbia. Da carga transportada, consta ainda maquinaria e cimento para obras um pouco por todo o país, bem como peixe e sal, principalmente para a RDC.