A Câmara de Comércio e Indústria Angola-Nigéria tem em carteira o projecto denominado “Bago a Bago” que visa a entrega de cestas básicas, compostas por bens agrícolas produzidos pelos agricultores locais, que serão entregues a estes dois povos. O objectivo é ajudar as famílias carentes
No último fim de semana tomou posse, em Luanda, o novo corpo directivo da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Nigéria (CCIAN), que será presidido por Tangyalamba Veloso. Dentre os vários assuntos abordados, todos relacionados com o estreitamento das relações comerciais entre os dois países africanos, foi levanta- da a possibilidade de esta câmara ajudar famílias carentes.
A Câmara de Comércio e Indústria Angola-Nigéria vai desenvolver, no sector da agricultura, um projecto denominado “Bago a Bago”, que, segundo a presidente Tangyalamba Veloso, é um banco alimentar onde agricultores angolanos e nigerianos irão ajudar as famílias vulneráveis, ou desprovidas de meios financeiros para comprar alimentação, com a distribuição de cestas básicas.
Os beneficiários são os dois povos, tanto o nigeriano quanto o angolano, e como se não bastasse, a cesta básica será composta de pro- dutos nacionais, produzidos pelos agricultores locais dos dois países. A ideia é não só ajudar nas política de diversificação da economia, com a aposta na produção nacional, mas não ficar impávidos diante da questão da pobreza que ainda afecta muitas das famílias em África.
“Só para se ter noção, a Nigéria é o maior produtor de mandioca do mundo, o segundo maior produtor de arroz e gengibre, etc. Nós somos um dos seis maiores produtores de banana no mundo. Temos que aproveitar esta comida e não esperar que os outros venham de fora para nos ajudar a perceber isso”, disse. Tangyalamba acredita que haja muita semelhança entre a economia destes dois países, por isso não terá dificuldades em trabalhar na referida Câmara. A ligação com o petróleo, com a agricultura, indústria diamantífera, entre outros sectores, mostram parte das coisas que temos em comum, mas que muitos tentam criar razões que nos separam.
Trata-se de uma união entre dois países africanos que são grandes potências no continente, pelo que a actual direcção da Câmara diz estar a envidar esforços no senti- do de contactar empresas nigerianas que queiram investir em Angola, de africanos para africanos, e juntos contribuírem para o desenvolvimento de África. Reconhece que entre estes dois países a relação de negócio ainda é muito fraca, pelo que o trabalho agora é fortificar isto, com troca de experiência, troca de técnicos nos mais variados sectores, dentre os quais o da agricultura, da pesca, pecuária, sector petrolífero e de recursos minerais. Assim, a CCIAN prepara para o mês de Novembro um fórum dos empresários dos dois países.
Juntos para a conquista da independência económica do continente Para a embaixadora da Nigéria em Angola, Monique Ekpongs, que participou na tomada de posse, as relações bilaterais entre os dois países são fortes, pois a Nigéria sofreu como uma mãe, quando Angola estava em guerra, tendo enviado de tudo um pouco para ajudar este país. Apesar de os dois países já estarem independentes, há a necessidade de se lutar para uma outra independência, segunda aquela dirigente, que diz respeito à económica. É uma luta que o continente tem vindo a levar a cabo, depois da invasão de diferentes povos que tentam a todo custo nos dividir. “Inicialmente era o Ocidente que lutava por África, hoje em dia o Oriente também quer vir em África.
Esta organização, a CCIAN, deve fazer com que haja união entre os nossos povos, porque somos irmãos, pertencemos ao mesmo continente. Temos de usar todos os nossos meios para que possamos ser independentes economicamente”, sublinha. Ninguém fará por nós, os africanos, senão nós mesmos, pois os que aqui vêm, segundo Monique, acarretam uma série de intenções ou interesses que apenas lhes favorece. Por isso, nós os africanos devemos fazer acontecer juntos e livrar a economia do continente. Sua defesa vai mais além, com a necessidade de ser incluído nos manuais a história dos dois povos, e demais povos africanos, para que seja melhor conhecida. Defende ainda que todos os países africanos devem estar interligados e não deve haver limitações nos vistos para circular na região.