Considerando que a maior parte de pessoas com deficiência necessitando o referido meio é de ́baixa renda ́, o usuário quer ver os responsáveis da nação angolana a intervirem no caso para facilitar a aquisição
João Silva lamenta o fac- to de as cadeiras-de-rodas para os deficientes estarem a ser comercializadas a preços exorbitantes, que, segundo ele, variam entre os 180 e 238 mil kwanzas, propondo, por isso, que o Estado subvencione a importação das mesmas. “Infelizmente, as pessoas com deficiência são maioritariamente indivíduos de baixa renda e as famílias não têm como custear um meio desse”, lamentou o “cadeirante”, para quem o Estado devia subvencionar os gastos das pessoas que importam esse tipo de material, porque é extremamente importante na vida das pessoas com deficiência.
Ele realçou que, se se encontrar uma mais barata do que isso, pode-se ter a certeza de que se trata de uma já usada ou o vende- dor quer facilitar a vida do comprador. “Por outro lado, é preciso admitir que, para as pessoas da camada a que me referi, é quase impossível pagar uma cadeira quando esse esforço vai comprometer o sustento diário da sua família de casa. A vida é feita de prioridades, ou comes ou com- pras uma cadeira-de-rodas”, sentenciou.
Até os que são da propalada classe média-alta vivem esse dilema, soube o OPAÍS do seu inter- locutor, que se prontificou a rezar a favor dos que a compram para não terem outras carências domésticas. “Pode até suceder que o meio estrague e o usuário não tem mais outra para substituir”, observou João Silva que defende a necessidade de cada deficiente usuário ter, pelo menos, duas cadeiras, de modo que, quando uma estiver condicionada, possa usar a outra.
Abordado à porta do seu ser- viço, João contou que, apesar de viajar de boleia, todos os dias, tem de levar a sua cadeira, no carro, de casa para a instituição onde trabalha (na Avenida Ho Chi Min – Maianga), o que considerou constituir uma enorme dificuldade.
Cadeiras alemãs, as mais adequadas para Angola Tendo em conta a realidade do país, João Silva recomendou que se apostasse em cadeiras-de-rodas de fabrico alemão. A título de exemplo, falou da sua, que, por sinal, é proveniente das terras germânicas, tendo adiantado que existe uma versão melhor do que a sua da mesma origem. Embora não tenha conseguido precisar a década do fabrico da mesma, João Silva informou que a possui, há mais de dois anos, tendo-a comprado de uma pessoa amiga, que lhe fez a 60 mil kwanzas.
“Mas, mesmo assim, já tive de abdicar de muitas coisas minhas, de casa e da família, porque, para mim, a cadeira constitui uma prioridade, visto que sem a mesma não consigo me locomover facilmente”. João Silva sabe que há países do mundo em que o Estado ajuda as pessoas com deficiência a adquirirem este meio. Está, igual- mente, informado de que o Estado angolano, por via de algumas instituições como os ministérios da Saúde (MINSA) e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), além de algumas organizações não-governamentais (ONG), vão oferecendo quando podem.
Entretanto, o que o entrevistado quer ver melhorado é a lista dos beneficiados, de modo que se ofereçam as cadeiras rolantes aos que precisam mais e que não possuem capacidade imediata de compra. “E mesmo quando os ministérios estiverem para importar, que identifiquem as pessoas com necessidades mais urgentes e que procurem saber que tipo de cadeiras se adaptam melhor à realidade dos usuários e aos seus habitats”, disse.