No total, a província de Cabinda possui 47 áreas minadas identificadas, incluindo as de verificação, das quais 21 já foram desminadas.
Os dados foram divulgados, nesta cidade, pelo vice-governador para o sector Económico, Macário Romão Lembe, no acto de entrega de certificados de gestão e controlo de qualidade nas áreas desminadas destinadas à implantação da Refinaria de Cabinda e da construção dos gasodutos (linhas de transporte) junto ao campo petrolífero do Malongo.
Em termos financeiros, segundo Macário Lembe, para a área desminada, onde está a ser implementado o projecto de Refinaria de Cabinda, o Executivo investiu 3 milhões, 651 mil e 895 dólares norte-americanos.
Entretanto, para concluir o processo de desminagem nas áreas ainda em falta, precisa desembolsar mais de 23 milhões de dólares.
Perante os representantes da Sonangol, da Chevrom, da Gemcorp (promotor do projecto de Refinaria de Cabinda), membros do governo provincial e demais individualidades, o vice-governador Macário Lembe congratulou-se com o término da segunda fase do processo de desminagem do traçado onde está a ser implantado a refinaria, cuja primeira fase decorreu de 9 de Novembro a 7 de Dezembro de 2022 e a segunda, de 21 de Março a 2 de Maio do ano em curso.
Nesse processo, disse, foram removidas um total de 253 minas antipessoais, numa área de aproximadamente 182 mil e 500 metros quadrados, em 63 dias úteis.
O governante expressou igualmente agradecimentos ao Centro Nacional de Desminagem e à Agência Nacional de Acção contra Minas, destacado em Cabinda, pela execução exitosa da tarefa de desminagem.
Por outro lado, encorajou a Sonangol, a Chevron e a coordenação da construção da refinaria no sentido de não baixarem a guarda, se empenhando para que, num futuro breve, a população de Cabinda possa ver o projecto da refinaria concluído.
“Tudo isto mostra que o Governo está empenhado na edificação de infra-estruturas económicas, como é o caso da refinaria que contribuirá grandemente no desenvolvimento socioeconómico da província de Cabinda, em particular, e do país em geral”, frisou.
A refinaria, que terá a capacidade de processar 60 mil barris/dia, tem duas fases de execução, cuja primeira, segundo Macário Lembe, deverá ser inaugurada em Novembro do corrente ano, “caso não hajam mais constrangimentos”.
“Com o fim da desminagem no local da implantação da Refinaria, acreditamos que os trabalhos agora estarão mais acelerados para que o projecto esteja concretizado para a satisfação das nossas populações”, frisou.
Angola, como Estado, faz parte da Convenção de Otawa e, por este motivo, de acordo com Macário Lembe, o país tem vindo a cumprir com zelo as suas obrigações, tal é o caso da destruição de stocks de minas armazenadas.
“O executivo angolano continua a desminar todas as áreas contaminadas com minas ou outros engenhos explosivos no país, mas, devido a diversos factores, tais como o elevado grau de contaminação, o número limitado de recursos humanos, a fraca capacidade financeira e material, têm levado a não execução com celeridade de algumas tarefas programadas”, detalhou.
Trabalho de alto risco
O director da Agência Nacional de Acção contra Minas, Severino Sapalo, afirmou que Cabinda é uma província que tem características diferentes em termos de desminagem, comparativamente com as outras províncias, tendo ainda um registo de 26 áreas suspeitas de conterem engenhos explosivos remanescentes da guerra.
A desminagem do perímetro para a construção da refinaria, sublinhou, contou com um conjunto de recursos humanos e materiais e o “trabalho de alto risco” decorreu sem qualquer acidente.
“É de realçar a perícia que foi observada por parte dos técnicos que concluíram com todo sucesso o trabalho de desminagem, o que terá o seu efeito multiplicador para outras tarefas que formos chamados a cumprir”, frisou.
A visita de trabalho do director da Agência Nacional de Acção contra Minas a Cabinda, que teve como objectivo primordial a entrega de certificados de controlo de qualidade da área de construção da refinaria, serviu também para radiografar a questão sobre a acção contra minas na província, de modo a criar-se um modelo próprio de operatividade para Cabinda.
“Há aqui um trabalho que temos que fazer com o governo provincial de Cabinda para qualificarmos bem as informações e darmos o melhor passo para concluirmos o processo de desminagem na província”, concluiu.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda