Inaugurada no dia em que o país celebrou mais um ano de paz, a biblioteca comunitária do Zango II recebe uma média de 10 visitantes por dia, na maioria crianças
POR: Stela Cambamba
Localizada no município de Viana, distrito urbano do Zango II, rua 3, casa C88D, em Luanda, a biblioteca possui um acerco composto por mais de mil livros, entre físicos e digitais, bem como uma colecção bibliográfica multidisciplinar, em diversas tipologias documentais. Segundo o seu criador, Coque Mukuta, o projecto pretende democratizar o acesso à cultura, incentivar a leitura, promover a cidadania, visando combater a exclusão, a desigualdade e a marginalização no seio da população. O mentor sentiu-se na obrigação de criar um espaço com aquelas características também pelo facto de ser professor na localidade, há cinco anos, e ter presenciado a necessidade de um espaço destinado aos alunos onde possam consultar temas académicos, e não só.
Inicialmente pensou em criar apenas um espaço de leitura, mas depois decidiu erguer a biblioteca comunitária. Para a materialização do projecto, contou com a ajuda de alguns amigos que foram oferecendo livros. Houve outros que pretendiam juntar-se ao plano e com o seu esforço conseguiram receber ofertas de mais livros. O espaço tem capacidade para albergar 20 pessoas, outras vão entrando alternadamente, duas a duas, e funciona de Terça a Sexta-feira, das 8 às 16 horas. Fica aberta também no período de férias das 9 às 15h e aos Sábados das 9 às 14 horas.
Coque lamenta o facto de a região carecer deste tipo de espaços, em que os estudantes possam encontrar diversidade em termos de livros para consultas e aumentar a sua capacidade intelectual, apesar de no Zango existirem três institutos superiores.Por ser um pequeno espaço, a biblioteca conta apenas com os préstimos de Fabrício Francisco, o bibliotecário, este que ao OPAÍS revelou diariamente receberem 10 visitantes, sendo a maioria alunos do Iº Ciclo, facto que o leva a crer que as crianças estão a ganhar hábitos de leitura.
V igílio Fernandes, morador do Zango II, aplaude a ideia e considera que a biblioteca representa uma grande vantagem para a comunidade estudantil, que era obrigada a percorrer longas distâncias para chegar a uma biblioteca. “Eu, por exemplo, tinha de sair daqui e ir a Mutamba, para ter acesso a uma biblioteca”. Dona Maria Helena da Silva tem quatro filhos que frequentam a escola, recorda que muitas vezes os mesmos tiveram que dirigir-se ao centro da cidade à procura de um local onde pudessem resolver os trabalhos da escola. Agora, os jovens da localidade ganharam um espaço onde poderão dedicar-se mais à leitura.