Jorge da Silva Migue foi morto a tiro na Segunda-feira, por volta das 13horas, nas imediações da Gamek, em Luanda, por um grupo de quatro indivíduos que se faziam transportar em duas motorizadas. Jorge, de 25 de idade, era estudante na Africa do Sul e estava em Angola, há um mês, para renovar o seu visto.
O regresso para o país de Nelson Mandela estava previsto para esta semana. De forma a evitar as correrias e os contratempos de última hora, o jovem aprumava tudo para que tivesse uma viagem tranquila.
Foi assim que, na Segunda-feira, solicitou a boleia de um amigo para que lhe pudesse ajudar a procurar por dólares nas Kinguilas da cidade.
Ao longo do trajecto, nas imediações do Gamek, distrito urbano da Maianga, a viatura em que seguiam foi interpelada por quatro meliantes armados e que se faziam transportar em duas motorizadas. De seguida, anunciaram o assalto e receberam das mãos de Jorge 600 mil kwanzas.
De acordo com a mãe da vítima, Romana da Silva, durante o assalto, a mascara de um dos meliantes havia caído, o que gerou uma situação de pânico no seio dos assaltantes devido ao medo de virem a ser reconhecidos. De forma a silenciar a vítima, um dos marginais disparou à queima-roupa contra Jorge, tendo a bala atingido a região do estômago, provocando-lhe morte imediata.
Segundo Romana da Silva, durante o tempo que decorria o assalto, que durou menos de cinco minutos, o amigo da vítima conseguiu fugir e sair ileso. E, a apesar de ser à luz do dia, em nenhum momento a Polícia apareceu para travar a cena que chocou a família e os transeuntes que circulavam no local do crime.
“A forma como o meu filho foi morto parecia uma pessoa qualquer. É triste a pessoa criar e formar um filho e vê-lo a morrer desta forma tão brutal. Isso não se faz. Queremos que a justiça seja feita. E eu não vou descansar enquanto não puder ver detidos os autores deste mal. Eles não mataram apenas o meu filho, mataram-me também, porque a dor é tanta…”, lamentou a dona de casa visivelmente destroçada Premeditado Até ao momento, a família ainda não tem pista dos autores do crime.
Vários contactos já foram feitos com a Polícia, mas os culpados continuam foragidos. Para Romana da Silva, a forma como o seu filho foi morto indica que o crime terá sido premeditado dias antes. Conforme explicou, se fosse, na variedade, um simples assalto, não havia necessidade de se matar a vítima, tendo em conta que em momento algum mostrou resistência. A mãe frisou ainda que durante o tempo que o filho esteve em Angola não teve brigas nem desentendimentos com ninguém.
A família vive na Centralidade do Kilamba, mas dona Romana fez saber que o filho preferia passar grande parte dos dias em casa de uma outra filha, no projecto Nova Vida. “Era um miúdo muito calmo. Não se metia na vida de ninguém. No mesmo dia, por volta as 11 horas, ele ainda ligou-me. Nem eu pensava que afinal de contas fosse o último telefona da sua vida. Desconfiamos que eles estavam a ser perseguidos a partir de casa. É que em nenhum momento houve resistência.
Os bandidos, inclusive, não aceitaram levar o telefone, o fio de ouro e outros haveres. Parece que a intensão era apenas matar o miúdo e levar o dinheiro. É bastante doloroso”, desabafou a progenitora. Polícia diz investigar o caso Contactado pelo OPAÍS, o director do Gabinete Institucional e Imprensa da Delegação de Luanda do ministério do Interior, Mateus Rodrigues, assegurou que decorrem diligencias com vista a capturar os autores do crime. Conforme avançou, as investigações decorrem de forma salutar, o que indica que em breve o crime será esclarecido e os autores detidos.