O porta-voz da organização, Leonel Francisco, disse, em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, que com o gesto, a ANJE pretende inverter o cenário de alegada frustração em caso de jovens verem as suas expectativas de aceder ao mercado de emprego defraudadas, após a conclusão de um ciclo formativo.
A iniciativa enquadra-se no âmbito do programa “5000 Estágios” para a juventude angolana, que resulta de uma parceria entre a ANJEAngola e o INEFOP, anunciado pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, em sede da primeira conferência anual de jovens mulheres empresárias de Angola, decorrida no Centro de Conferências de Belas, em Março, em Luanda.
O porta-voz da ANJE, organização que prevê abrir em Benguela o referido programa, garante que a iniciativa visa, essencialmente, oferecer oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional para jovens em todo o país, porquanto se percebe as dificuldades por que a maior parte dessa camada social passa.
Nesta perspectiva, o responsável salienta que as dificuldades a que se refere têm sido notadas principalmente quando eles terminam um ciclo académico e técnico-profissional. De sorte que, conforme disse, se tenha entendido ser necessário que houvesse aquilo a que chamou de “dinamismo e proactividade”, no sentido de envolver todos os entes desse “ecossistema”, a fim de que seja possível aos jovens terem acesso a um estágio profissional.
“Nós acreditamos que, através deste programa, os jovens terão a chance de ganhar experiência prática nas suas áreas de interesse, vão desenvolver novas habilidades e conhecimento. Irão, de certeza, ampliar a sua rede de contactos profissionais”, prevê, ao acrescentar que, no final do estágio, hão-de receber um certificado.
“Terão também a chance de serem contratados pelas empresas, após o término desse estágio. Porque, dependendo daquilo que for o desempenho de cada um, eles poderão, igualmente, ser absorvidos por estas empresas. Estamos aqui a fomentar, então, a empregabilidade e, certamente, acudir à maior inquietação da juventude angolana”, considera.
Possível fim do estado de “frustração”
Segundo o interlocutor, com o gesto, se quer também evitar que determinados jovens entrem em estado de “frustração”, em caso de verem as suas expectativas de inserção no mercado de trabalho defraudadas. Leonel Francisco assevera, porém, que, nos dias de hoje, os pré-requisitos para o acesso ao emprego, por vezes, têm deixado muito a desejar.
Empresas há, explica, que impõem como pré-requisito dois, três anos de experiência de trabalho a um jovem acabado de se formar. “Que é impossível apresentar, obviamente, para quem está a concluir a sua formação académica técnica-profissional ou a nível médio. Por isso, o programa surge, no sentido de acudir às maiores inquietações da nossa juventude”, assegura. Benguela é a segunda província do país a beneficiar-se do referido programa, depois de o mesmo ter sido apresentado na província de Cabinda, aos 26 dias do mês de Abril, no âmbito da jornada da juventude.
Huambo, Kuito, Huíla, Namibe, Lundas Norte e Sul são, assim sendo, as províncias que se seguem nessa empreitada dos 5000 estágios remunerados. Posteriormente, seguir-se-ão outras regiões do país. Em relação à província de Cabinda, o programa ofereceu 300 vagas, prevendo-se, pois, o mesmo número para a província de Benguela, onde, no dia 10 de Maio, se prevê também lançar o projecto. “Obviamente, também dependerá daquilo que serão as ofertas das empresas, que estão sedeadas em Benguela. Porque, havendo aqui a possibilidade de ter acesso a mais estágios, nós iremos, certamente, equacionar a opção de aumentar as vagas determinadas para a província de Benguela”, garante.