A falta de médicos tem condicionado o trabalho dos profissionais em muitas unidades, comprometendo a humanização dos serviços de saúde. A ministra da Saúde, Sílvia lutukuta, admite o problema e diz que se deve apostar mais na prevenção
Por: Milton Manaça
Angola conta apenas com 6 mil e 600 médicos para cerca de 28 milhões de habitantes, revelou ontem, em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, ao discursar na cerimónia de abertura do Congresso Internacional dos Médicos. Apegando-se aos mesmos números, OPAÍS calcula que o rácio seja de um médico para cada 4 mil e 242 cidadãos.
Ante esta situação, a governante defende a necessidade de se fazer um esforço redobrado para atingir as metas definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual o rácio deve ser de um médico para mil habitantes. Sílvia Lutukuta advoga que se reforce a aposta num sistema de formação em que a qualidade deve ser a tónica dominante para a diversas especialidades da medicina.
Questionada por OPAÍS sobre a fatia do Orçamento Geral do Estado (OGE) atribuída ao seu sector, a responsável considerou que “é o Orçamento possível para a Saúde no actual contexto económico” e que vai apostar na prevenção para evitar doenças.
Segundo a gestora pública, muitos problemas de saúde estão relacionados ao consumo de água imprópria, falta decsaneamento básico e às condições sócio económicas da população, motivo por que apela a um esforço conjugado de outros sectores da sociedade.
Já a médica Filipa Morgado, disse, na ocasião, que a insuficiência de médicos em vários hospitais, principalmente especialistas, tem contribuído para a limitação no atendimento ao cidadão.
Filipa Morgado, que dissertou o tema “Os jovens médicos e as suas expectativas”, no Congresso Internacional dos Médicos em Angola, que encerra hoje, esclareceu que o cuidado aos pacientes nos hospitais tem sido dificultado pelo número exíguo de médicos de que cada unidade dispõe. 200 médicos por registar na Ordem Já o bastonário da Ordem dos Medicos de Angola entende que para além da quantidade de médicos, outras preocupações que se colocam à classe têm a ver com formação e a sua protecção social.
Carlos Pinto de Sousa disse que o Congresso permite a unificação da classe e a troca de experiências, servindo também como um espaço de formação contínua para os seus filiados. Revelou, por outro lado, que estão cadastrados na sua organização 6 mil e 400 médicos, menos 200 em relação aos que trabalham nos hospitais nacionais.
Esclareceu que se registou uma redução significativa nos falsos médicos, em virtude da fiscalização que a Ordem tem feito. “No sistema, não podemos ter pessoas que não estão habilitadas a exercer medicina.
É um risco muito grande, e nós vamos fazer esforços para continuarmos a detectar os falsos médicos”, garantiu Carlos Pinto de Sousa.
Importa frisar que o Congresso Internacional dos Médicos de Angola realiza-se sob o lema “Os médicos e a criação de um ambiente favorável para a saúde”, e que serão discutidos mais de 30 temas com a participação de profissionais vindos de todas as partes do país.