O ter oito a 10 por cento da populatambém especialista em Saúde Pública, que falava à imprensa a propósito do Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais (28 de Julho), explicou que o total de casos da doença que o país regista representa entre oito e 10 por cento da população e não espelham a real situação do país em relação à doença.
“Os números podem ser muito mais do que isso”, sublinhou, acrescentando que o INLS só saberá a verdadeira prevalência das hepatites virais quando forem publicados os resultados do último Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2023-2024, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o director-geral adjunto do INLS, o facto de o país ter oito a 10 por cento da população infectada pelas hepatites virais, com realce para a do tipo B, constitui um sério problema de saúde pública, que deve ser resolvido por todos, de forma a proteger a geração vindoura, porque esta patologia, quando não tratada, evolui para cancro do fígado.
José Carlos Van-Dúnem informou que o INLS está a realizar um trabalho de rastreio e a convencer as pessoas a testarem e, caso dê positivo, são submetidas a tratamentos e seguimentos contínuos, segundo a Angop.
Por isso, realçou que foi criado, em 2019, um protocolo de seguimento ao paciente (Protocolo Nacional para Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados em Hepatites Virais), revisto em 2023, e que está a ser implementado nas várias unidades sanitárias do país.
Em Luanda, está a ser implementado em 21 instituições de saúde, onde se pode fazer testes e seguimento das hepatites.
O especialista em Saúde Pública define a hepatite viral como a inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.
De acordo com o médico, usase o termo hepatite viral quando é causada por um dos cinco vírus infecciosos como A, B, C, D e E, que têm em comum a preferência para infectar os hepatócitos (células do fígado), mas apresentam formas de transmissão e evoluções clínicas diferentes .
Transmissão e tratamento
A hepatite A é causada pelo vírus “VHA” e transmite-se, principalmente, pela via fecal-oral, ou seja, através do contacto inter-humano, consumo de água e alimentos que estejam contaminados.
A doença tem cura, garantiu, basta tomar os antibióticos certos para estar totalmente curado. Segundo o especialista em Saúde Pública, a hepatite A afecta mais pessoas que vivem em países pobres, devido à precariedade do saneamento básico. Já a hepatite B é causada pelo vírus VHB.
A transmissão pode ocorrer, principalmente, por via sexual, razão pela qual é considerada sexualmente transmissível.
Segundo José Carlos Van-Dúnem, a transmissão pode ocorrer também por transfusão de sangue, ou de uma mãe portadora para o bebé, à nascença, e por injecções ou feridas causadas por material contaminado.
A hepatite B não tem cura, sendo que a principal complicação é desenvolver cirrose, o que pode aumentar os riscos do surgimento de cancro do fígado. Por não ter cura, os doentes são tratados com antirretrovirais (tenofovir/entecavir) para reduzir a carga do vírus e torná-la negativa ou indetectável.
Sobre a hepatite C, explicou, é causada pelo vírus VHC, e a transmissão é feita por via sanguínea e sexual, acrescentando que o vírus não se propaga no convívio social ou na partilha de objectos.
De igual forma, o risco de uma mãe infectar o filho durante a gravidez é de cerca de seis por cento. A hepatite C, disse, tem cura e o seu tratamento depende muito do subtipo do vírus e do grau de lesão do fígado.
“Mas, tal como na hepatite B, as principais complicações são o desenvolvimento de cirrose e a possibilidade de evoluir para cancro do fígado”, salientou. A hepatite D é provocada pelo vírus da hepatite B ou vírus Delta.
Trata-se de um tipo de hepatite menos frequente, mas é causada pela presença de infecção simultânea pelo vírus da hepatite B (VHB). A mesma é endémica nos países mediterrânicos e tem como principal forma de transmissão a via sexual.
Hepatites mais comuns no país
O responsável explicou que, em Angola, as hepatites mais comuns são A, B e C, daí que o INLS está a trabalhar com o Ministério da tutela para se comprar mais testes e medicação suficiente para se combater e controlar a patologia. Na maioria das vezes, acrescentou, estas hepatites são infecções silenciosas, sem sintomas.
Entretanto, frisou, quando presentes, podem se manifestar com cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vómitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Segundo José Carlos Van-Dúnem, o INLS está em comunicação permanente com a Direcção Nacional de Saúde Pública, no sentido de reforçar cada vez mais o stock de vacinas contra a hepatite B.
Como prioridade, a vacina é administrada em crianças dos zero aos cinco anos, em cumprimento ao Calendário Nacional de Vacinação.