Setecentos e noventa e sete novos casos de lepra foram registados durante o ano passado em todo o país, informou o coordenador do Programa Nacional do Controlo da Lepra, Ernesto Afonso.
Em declarações à ANGOP, em alusão ao Dia Mundial do Combate à Lepra, a assinalarse hoje, disse que dentro desse número 105 casos foram por deformidades de segundo grau.
Ernesto Afonso avançou que anualmente chegam a registar cerca de mil 785 casos, o que corresponde a 0,5 doentes para 10 mil habitantes.
Em 2022 foram notificados 93 novos casos em crianças e 70 por cento dos pacientes recorrem às unidades hospitalares, mas em estado bastante avançado da doença.
Estas deformidades, esclareceu, estão ligadas a úlceras, garras nas mãos, falta de dedos e deficiência na orelha e olhos.
Fez saber que Angola faz parte de 22 países que constam na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) com alta carga da doença da lepra.
Ainda assim, referiu, o Ministério da Saúde (MINSA) tem estado a trabalhar no sentido de reduzir a carga desta doença com o diagnóstico precoce e tratamento oportuno.
O país conta com 111 unidades sanitárias que prestam cuidados de saúde a pacientes com lepra, um número considerado ínfimo.
As províncias com alta endemicidade, em termos da lepra, são Luanda, Benguela, Huambo, Bié , Malanje, Cuanza-Sul, Cuando Cubango, Huíla, Lunda-Sul e Moxico .
O responsável frisou que os números tendem a aumentar no país devido ao fraco conhecimento e compreensão da doença.
“Essa dificuldade passa também pelos próprios profissionais em não reconhecer a doença nos primeiros momentos, por isso um dos nossos desafios é continuar a capacitar os nossos técnicos“, assegurou.
Um dos trabalhos, lembrou, que o Programa Nacional de Controlo a Lepra implementou foi a criação de um plano de integração de serviços de campanhas e busca activa desses pacientes.
As pessoas com essa doença vivem num ambiente de estigma, por isso, salientou, é necessário ir ao seu encontro nas comunidades, para fazer rastreios e diagnósticos de casos.
A lepra é uma infecção crónica causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis.
Ela resulta em danos principalmente nos nervos periféricos (nervos localizados no exterior do cérebro e da médula), na pele, nos testículos, nos olhos e nas membranas mucosas do nariz e da garganta.
A lepra pode ser transmitida de pessoa a pessoa através de gotículas expelidas do nariz e da boca de uma pessoa infectada e inspiradas ou tocadas por uma pessoa não infectada.
Mas, mesmo após contacto com as bactérias, a maioria das pessoas não chega a contrair a lepra.
Cerca de metade das pessoas com lepra provavelmente foi infectada através de um contacto íntimo e prolongado com uma pessoa infectada.
Os contactos casuais e de curta duração não parecem transmitir a doença.
A lepra não pode ser contraída através de um simples contacto com alguém que sofre da doença, como habitualmente se acredita.
Os profissionais de saúde trabalham durante muitos anos com pessoas que têm lepra sem chegarem a contrair a doença.
O Dia Mundial dos Leprosos instituído, em 1954, pela Organização das Nações Unidas, celebra-se no último Domingo de Janeiro.