O ministro das Relações Exteriores, Téte António, defendeu ontem, em Luanda, a criação de uma frente unida dos Estados-membros da SADC para se evitar, de forma sustentável, a propagação generalizada da cólera e de outras doenças na Região Austral de África
O chefe da diplomacia angolana disse, ao proceder à abertura da sessão extraordinária do Conselho de Ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), por video-conferência, que o cenário clama por uma resposta regional coordenada, para se enfrentar o desafio.
Sustentou, segundo a Angop, que nenhum país pode combater sozinho uma doença como a cólera, que “não respeita fronteiras”. A região da SADC está, desde Janeiro de 2023, assolada por um surto de cólera, com o registo de casos, até ao último domingo, em cinco países, nomeadamente, Botswana, África do Sul, Moçambique, Zâmbia e República Democrática do Congo. Téte António, presidente em exercício do Conselho de Ministros da SADC, referiu que a região precisa de dar prioridade aos investimentos em infra-estruturas sanitárias e à promoção da saúde, a fim de se criarem comunidades mais saudáveis.
Por outro lado, manifestou estar esperançoso que o encontro defina acções concretas que auxiliem os chefes de Estado a tomarem decisões políticas que permitam avançar, de forma sustentável, na erradicação da cólera até 2030. Salientou que, enquanto a região demonstrar resiliência e força colectiva perante outros desafios, como o VIH/SIDA e a Covid-19, haverá avanços assinaláveis para prevenir e atenuar os impactos devastadores destas doenças.
Angola implementa plano de contingência para evitar surto
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, informou, na ocasião, a existência de um plano de contingência nacional multissectorial para evitar a transmissão da cólera, por via das fronteiras, no país. A governante, que falava à margem da referida sessão extraordinária, disse existirem já equipas multidisciplinares no terreno, a nível das fronteiras em risco, reforça- das com meios de diagnóstico, formação e sensibilização das populações, tendo sido lançado um alerta para a vigilância epidemiológica territorial.
Segundo a governante, estão engajados neste sentido os Ministérios da Saúde, Ambiente, Energia e Águas, Administração do Território, Defesa, Interior, Finanças, Acção Social Família e Promoção da Mulher, Comunicação Social, Cultura e Turismo. Sílvia Lutucuta sublinhou que Angola não tem nenhum caso notificado de cólera, mas está atenta a síndromes agudos de diarreia e vómitos, que são sinais da doença.
Alinhada no discurso de Teté António, a ministra da Saúde afirmou haver necessidade, a nível da região, de serem tomadas medidas concentradas para conter a propagação da cólera e eliminar até 2030. Sílvia Lutucuta apelou à sociedade no sentido de tomar medidas de protecção individual, fundamentais, como a lavagem frequente das mãos com sabão, usar água tratada e fervida, lavar bem os legumes e outros produtos, bem como saneamento básico.