O projecto, com 100 moradias do tipo T3, que surge do esforço do Executivo no combate à pobreza, fracassou por falta de financiamento. O Ministério da Acção Social ainda não tem previsão para o regresso às obras
Texto de: Milton Manaça
A construção do Aldeamento Kikuia, na comuna do Quicabo, na província do Bengo, encontra- se paralisada há dois anos por falta de financiamento, segundo constatações feitas, ontem, por uma delegação do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e do Governo Provincial. São no total 100 residências da tipologia T3, que estavam destinadas aos camponeses vulneráveis daquela zona, no âmbito do projecto de combate à fome e à pobreza, inicialmente sob alçada do Ministério do Comércio.
A intenção era criar um aldeamento com todas as condições de empregabilidade, tais como estufas agrícolas, 150 tanques de pisciculturas, centro de produção avícola e equipamentos sociais (escolas e centros de saúde). Antes de ser inserido no aldeamento, o camponês beneficiaria de um cartão de crédito denominado cartão Kikuia, que já era distribuído em alguns pontos do país, mas que também não vingou.
Segundo o responsável da empresa construtora, Jesus Guardado, a obra está executada apenas em 30%, e das 100 residências construídas, estão concluídas menos de 40, que podem degradar-se com o tempo de inutilização.
A população local, ávida em receber as moradias, reclama da morosidade da conclusão das obras, como afirma a camponesa Maria da Silva. Moradora de Quicabo desde 2003, disse que desde a data da paralisação das obras, até o momento, não lhes foi dada nenhuma informação, realçando que a equipa directiva do Kikuia limitou-se apenas a cadastrar os nomes.
Da parte do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que agora gere todos os projectos ligados ao combate àpobreza, falou o director nacional da Acção Social, André Nzinga, que promete fazer uma avaliação dos aldeamentos e as devidas correcções.
Questionado sobre a disponibilização de finanças para retomar as obras, André Nzinga não precisou, tendo realçado que a situação será estudada a vários níveis institucionais, para depois dar-se a competente resposta. Para além do Quicabo, a ministra da Acção Social, Victória da Conceição, e a governadora do Bengo, Mara Quiosa, visitaram também o Aldeamento do Ludy, situado a 15 km do Panguila, cujas casas já estão ocupadas, apesar de se terem registado alguns problemas que retrataremos nas próximas edições do jornal OPAÍS.
Especialista defende melhoria das condições sanitárias para o combate à Tuberculose
Texto de: Stela Cantumbela
O especialista em medicina tropical e interna Lopes Martins é de opinião de que se deve fazer um diagnóstico precoce, bem como uma terapia adequada da tuberculose, mas, sobretudo, precisa-se de se apostar na melhoria das condições sanitárias. Nos últimos dias regista-se um número elevado de pessoas com tuberculose pulmonar e/ou extra pulmonar.
As condições sanitárias são também importantes para combater a doença, segundo Lopes Martins, que falava durante uma palestra na Universidade Privada de Angola, por ocasião do aniversário daquela instituição de ensino. “É difícil, mas é possível. Se erradicarmos a pobreza, por exemplo, podemos diminuir as taxas de tuberculose”, disse, acreditando ser o caminho certo a seguir, acompanhado pelo aumento das condições de higiene ou sanitárias, bem a vigilância, para se encontrar precocemente os casos, identificar, tratar e seguir.
O especialista explica que a tuberculose é uma doença com alta taxa de mortalidade, com tratamento longo, mas a base para se dar uma resposta satisfatória é fazer um diagnóstico precoce; fazer uma terapia adequada e cumprir até ao fim.
Há pacientes cuja patologia atinge os ossos, rins, e outros órgãos e não terminam o tratamento. As pessoas mais propensas a contrair a doença são as de imunidade baixa, as que têm no organismo um outro vírus, como o VIH, por exemplo, os desnutridos e com maus hábitos de higiene sanitária.
Lopes Martins disse ainda que, quanto aos números, são muito mais elevados em relação aos que oficialmente são divulgados, pois que, na verdade, acontece é que “vezes há em que a parte da saúde não comunica aquilo que é obrigatório”, denunciou. Para finalizar, aconselha a população a dirigir-se a uma unidade próxima, caso registem casos do género, como tosse persistente que dura duas ou três semanas, sem causa alguma; emagrecimento, cansaço inexplicável, febre, suor, sangramento pela boca e escarro.