Um agente afecto à Polícia de Intervenção Rápida (PIR) no Lubango, capital da província da Huíla, alvejou um jovem de 19 anos de idade durante uma abordagem. O disparo fez com que a vítima visse amputa- do um dos membros inferiores
O facto ocorreu no bairro da Caluva, arredores da cidade do Lubango, durante uma operação que os efectivos da Unidade de Polícia de Intervenção Rápida realizavam. Segundo testemunhas ouvidas pela nossa reportagem no local, o jovem de 19 anos estava com o seu amigo quando foi abordado por dois agentes, num dos becos do bairro tido como o mais perigoso do Lubango. Joaquim Manuel da Silva, com quem a vítima esteve no momento em que foi baleado, conta que o seu amigo correu depois de avistar a Polícia, por medo de ser espancado.
O agente fez o disparo que atingiu o jovem na perna e conta que o seu amigo não teve qualquer socorro da parte dos agentes. “Quando eram 19 horas, o meu amigo pediu para que eu o acompanhasse à sua namorada. Quando passamos pelo beco, encontramos a polícia e eu fui revistado. Quando o meu amigo se apercebe da presença da polícia, e porque esteve embriagado, tentou correr e um dos agentes fez um disparo numa das pernas”, revelou. O irmão mais velho da vítima, José Pedro, disse à nossa reportagem que o seu irmão não fazia parte de qualquer grupo de marginal, apesar de o bairro ser o mais perigoso.
E lamenta o facto de não notar um interesse pelo caso da parte da Polícia Nacional na Huíla. Segundo disse, nada trará de volta a perna do seu irmão, por isso pede que o autor do disparo seja responsabilizado para minimizar os danos causados. “O meu irmão foi levado ao Hospital depois de muito tempo e perdeu muito sangue. Por isso, os médicos tiveram que dizer à nossa mãe para que tomas- se uma decisão, em cinco minutos, e escolher entre amputar a perna ou perder o filho. A mãe escolheu autorizar a amputação da perna”, detalhou. Os familiares pedem que a Polícia Nacional na Huíla assuma a sua responsabilidade em função dos actos cometidos por um dos seus agentes e que disponibilizem apoio psicológico para a vítima ou uma prótese para que ele não se sinta diferente dos outros. Aberto processo contra o agente.
A nossa reportagem contactou, ontem, o comandante provincial, comissário Divaldo Martins, que confirmou que o assunto é do conhecimento do órgão que dirige e que estão a ser tomadas medidas. De acordo com Divaldo Martins, estas medidas traduzem- se na abertura de um processo- crime contra o agente, que de- corre seus trâmites no Serviço de Investigação Criminal desta província. “Tão logo nos apercebemos do ocorrido, mobilizamos 10 efectivos para a doação de sangue para que o jovem fosse submetido à cirurgia.
O caso já está no SIC, vamos também abrir um processo disciplinar sobre o que ocorreu, porque recebemos du- as versões: uma que diz que o jovem fez um movimento estranho no momento da abordagem e a outra que a arma terá disparado inadvertidamente”, confirmou. Por outro lado, Divaldo Martins garantiu que o comando está aberto para prestar todo o apoio necessário à vítima e, tão logo ela receba alta médica, irão reunir com a família para verem formas de apoiar, inclusive com prótese.