O caso envolve uma tentativa de furto numa loja, por menores, cidadãos libaneses, donos do estabelecimento e o desaparecimento de mãe e filho do Hospital Central do Lubango. Não há detidos e os vídeos de vigilância foram apagados.
Texto de: João Katombela, na Huíla
Um adolescente de 12 anos de idade foi brutalmente espancado por adultos, proprietários de uma loja, até ficar inanimado na noite desta Sexta-feira (30) no Bairro da Lage, arredores da cidade do Lubango, província da Huíla. Segundo testemunhas ouvidas pela nossa reportagem, a agressão surgiu em consequência de o menor, na companhia de outros dois amigos, presumivelmente ter tentado assaltar uma loja pertencente a cidadãos libaneses.
De acordo com a nossa fonte, uma das três crianças carregava consigo uma arma branca (faca) com a qual supostamente pretendia efectuar tal assalto ao estabelecimento comercial, que, entre outros produtos, vende bens-alimentares. Surpreendidos pelos proprietários do empreendimento, os três amigos puseram-se em fuga, porém, Stélvio, aluno da 5ª Classe,não conseguiu escapar, tendo sido momentos depois apanhado e espancado brutalmente. Entretanto, a maneira como foi agredido o menor de apenas 12 anos, deixou chocadas as testemunhas que presenciaram tal acto.
Adriano Manuel George diz sentir-se chocado, já que a criança não oferecia perigo algum aos adultos que o detiveram. “Eu vim, parei aqui para comprar uma pizza, e entrei neste estabelecimento para comprar guardanapos, o que me surpreendeu foi deparar-me com uma criança de 10 ou 12 anos amarrada com os braços para trás, deitada de barriga pra baixo e a espumar pela boca, e depois chega um funcionário da mesma empresa a pisar o miúdo na cabeça enquanto o proprietário (libanês) assistia impávido!
A Policia, que foi alertada pelo cidadão Adriano Manuel, chegou ao local, tendo de imediato socorrido o rapaz para o Hospital Central do Lubango, em estado grave. No referido hospital, a vítima de 12 anos de idade, foi internada na Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), onde esteve a ser medicada até à madrugada de ontem (Sábado).
A mãe da Vítima, Paula Manuela, que no momento da agressão se encontrava na igreja, explicou à Rádio Mais Huíla ter sido informada do sucedido através de uma ligação feita pela filha mais velha.
“A minha filha ligou-me a dizer que o menino foi espancado numa loja de uns libaneses, está bem mal, saí a correr e fui ao local e já encontrei o meu filho a ser transportado para o hospital!
Até agora os médicos só me disseram que o coração dele está a bater e ainda está a respirar” informou Na manha deste Sábado, tanto OPAÍS, quanto a Rádio Mais Huíla contactaram o corpo clinico, no sentido de saber sobre a evolução estado do paciente, porém, um dos médicos informou-nos que a mãe teria “fugido” com o filho doente, apesar da segurança do Hospital Central do Lubango.
“A mãe fugiu com a criança que estava em estado grave. Pela gravidade da agressão, ela vai gritar muito! Quando cheguei perguntei ao estagiário e ele disse que a mãe saiu com a criança, não posso dizer qual é o estado dela porque não sei onde e nem como está”, disse um dos médicos, que optou pelo anonimato.
Reação doINAC
Contactada, a Direcção Provincial do Instituto Nacional da Criança condenou a agressão e disse que o acto viola os 11 compromissos do estado angolano com a criança. Abel Chico Joaquim, que considera o acto como uma realização de justiça por mãos próprias, pede a intervenção das autoridades de direito no sentido de responsabilizarem criminalmente os culpados.
“O Instituto Nacional da Criança, condena a todos os títulos este acto de violência, o que o proprietário do estabelecimento deveria ter feito, já que houve tentativa de furto, era contactar as autoridades policiais para intervenção, ou a apresentação destas crianças que tentaram assaltar este estabelecimento junto ao Julgado de Menores!
Espancar uma criança até deixa-la internada num Hospital demonstra ser justiça feita por mãos próprias, o que, de acordo com o nosso ordenamento jurídico, é condenável” explicou.
Por outro lado, o responsável, esclareceu que casos semelhantes na província da Huíla, de menores em conflitos com a lei, têm sido frequentes, porém, têm sido resolvidos dentro das normas legais. “Nunca tivemos casos que envolvessem estrangeiros como agressores de menores”, revelou.
Menor já tem passagem pela Polícia
O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) da Delegação do Ministério do Interior (MININT) na Huíla, Manuel Halaiwa, disse que não é a primeira vez que o adolescente se envolve em brigas do género e que já tem passagem pela Polícia.
O oficial explicou que o menino esteve, em tempos idos, envolvido no roubo de um telemóvel, em companhia de amigos. Por outro lado, o director do GCII da Delegação do MININT revelou que já está sob custódia da Polícia um dos agressores, ele que, de acordo com o relatório médico, apresentava altos índices de álcool no organismo.
“queremos informar que um dos agressores já está a contas com a justiça, sendo que falta o outro que é cliente. Os pais também carregam uma quota-parte da culpa, pelo facto de se terem descuidado do menor”, informou.