Os agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS), durante dois dias fizeram o balanço das actividades desde a sua implementação e interagiram com os seus parceiros, com vista a melhorar procedimentos no terreno, assim como divulgar as acções que as unidades ADECOS têm estado a realizar nos quatro municípios em que estão instaladas (Malanje, Cacuso, Kalandula, Mucari)
Texto de: Miguel José, em Malanje
“Infelizmente, a malária continua a ser uma das principais causas de morte e de internamento nas unidades sanitárias do país, com estatísticas assustadoras, particularmente, em Malanje”, disse o governador da província, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, quando discursava no acto de abertura do encontro de balanço com os ADECOS, que ocorreu nesta Quinta-feira, no município sede.
Sendo que a acção das unidades ADECOS se afigura fundamental na mitigação e prevenção de doenças nas comunidades, “Kwata Kanawa” referiu que o Governo está a expandir a sua experiência a mais municípios do país e, no caso de Malanje, existem 150 funcionários ADECOS, dos quais se espera maior contribuição para o estado de saúde das comunidades beneficiadas, principalmente, na testagem e tratamento de casos simples de malária em crianças dos 0 aos 5 anos.
Considerando o índice das ocorrências que diariamente dão entrada nos centros de Saúde e no hospital provincial, em que foram catalogados 67 mil 346 casos, com o registo de 79 falecimentos, entre adultos e crianças, contra as 32 mil 429 incidências de que resultaram 64 óbitos confirmados no ano passado, além das enfermidades como a cólera, a febre tifóide, o sarampo, as doenças diarreicas e respiratórias agudas que continuaram a ‘fazer morada’ nas comunidades.
Porém, em razão disso, “Kwata Kanawa” revelou que os ADECOS jogam um papel importante no processo de sensibilização e educação das comunidades, sobre as medidas preventivas que devem tomar para evitar tais doenças e, também, apresentou a preocupação devido ao surgimento de surtos de malária e cólera em províncias limítrofes, como Uíje e Lunda-Sul.
“Tal situação obriga-nos a redobrar os esforços para prevenir que não se alastre para a nossa província”, apontou. As ADECOS, enquanto unidades de Saúde, assumem no cenário do Sistema Nacional de Saúde um papel privilegiado, uma vez que as autoridades sanitárias fazem delas uma peça indispensável, já que o quotidiano mostra todas as dificuldades que afectam uma qualquer comunidade, sendo bastante rele Nas vantes as ligadas à Saúde.
Assim, as actividades ligadas à promoção da saúde comunitária, como a sensibilização para a mudança de comportamento das populações perante o saneamento básico, a despistagem e tratamento da malária simples em crianças menores de 5 anos, acompanhamento e referenciamento em mulheres grávidas, as unidades sanitárias deram afã à primeira fase.
Para tal, o processo de acompanhamento da estrutura de Saúde provincial e municipais é fundamental para que se garanta uma intervenção concertada entre os administradores municipais e as autoridades tradicionais.
Papel de supervisão e acompanhamento permanentes dos ADecos
O governador referiu que a política nacional do ADECOS, precisa de momentos de paragem para balanço, análises e monitorização das actividades desenvolvidas com vista a tirar lições, reorientar a intervenção e sistematizar as experiências acumuladas durante certo período. Sublinhou que o encontro serviu para também analisar o papel de diferentes estruturas provinciais e municipais, bem como dos parceiros sociais envolvidos na implementação da política nacional do ADECOS, de forma a alcançar a meta dos objectivos previstos.
Ora, por existirem ainda várias dificuldades no cumprimento cabal deste exercício nos referidos municípios, ligados ao acompanhamento e monitorização por parte das administrações municipais e à desistência de 30 ADECOS, que tinham sido formados e devidamente treinados para a função nas suas microáreas, o governante recomendou que se façam reflexões profundas sobre o que se fez e o modo como se tem feito; as dificuldades encontradas e como ultrapassá-las; o que deve ser melhorado e, acima de tudo, aprofundar o entendimento e a importância do papel dos ADECOS no actual contexto do sistema social do país, particularmente no que toca à saúde.
O director provincial do Fundo da Acção Social (FAS), Joaquim Fernandes, observou que, pese embora o papel dos ADECOS consistir em aconselhar, sensibilizar, prevenir as questões ligadas com a saúde da comunidade, ainda assim, carece de clarificação, por este ser muitas vezes confundido com a função do enfermeiro. “Nós temos um ADECOS que testa e, também, trata casos simples de malária. Então, isto dá a ideia de que o ADECOS parece também enfermeiro”, disse.
Reforçar ADecos No final do encontro de balanço e de perspectivas, o coordenador provincial dos ADECOS, Joaquim Fernandes, recorreu à ferramenta orgânica da acção social que as administrações têm, em que podem encontrar o seguimento institucional para melhor trabalharem nos municípios de intervenção. Para tal, precisa de reforçar nas alternativas de solução das dificuldades locais; precisa de dialogar mais com determinados actores que estão ligados ao processo. “É claro que esses ADECOS têm intervenção limitada a um determinado espaço geográfico. Há ainda um fraco desempenho em termos de acompanhamento e de monitorização”, reclamou.
Por ser o ADECOS um agente da comunidade, deve residir na respectiva aldeia, no sentido de identificar-se com os problemas locais, Joaquim Fernandes assegurou que vai fazer cumprir este requisito que no passado fez funcionar mal o projecto e reitera a necessidade da intervenção directa das administrações municipais. “Por este facto, nós discutimos a necessidade de que a partir de agora os administradores municipais prestem maior atenção à acção que os ADECOS realizarem no seu território”, afirmou.
Na perspectiva de rentabilizar e optimizar a actividade respeitante, o responsável precisou que as administrações devem aproveitar os subsídios disponíveis para tentar multiplicar a experiência que têm, se calhar, para expandirem a acção àquelas localidades que necessitam de apoios pontuais, em termos de ADECOS.
De tal sorte, o responsável assegurou que, para se fazer face a alguns constrangimentos ocorridos desde a implementação do processo, sobretudo da desistência de alguns agentes, o município do Quela, doravante, vai beneficiar de 30 ADECOS, que irão reforçar as actividades ligadas à saúde nas comunidades.
A política nacional dos Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS) em implementação no país desde 2015, com a formação dos primeiros agentes e supervisores da província de Malanje, Uíje, Namibe, Huíla, Lunda-Norte e Bengo, constitui a reafirmação do compromisso do Governo angolano de expandir a todas as comunidades os serviços sociais e de estimular o seu desenvolvimento, especialmente, das camadas mais pobres e vulneráveis.