A meta ambiciosa de produção de 77% de energia de fontes renováveis, até 2025, anunciada esta semana, em Abu Dhabi, pelo Presidente da República, João Lourenço, terá, em grande medida, a contribuição de oito parques fotovoltáicos, cujas capacidades OPAÍS mostra nesta edição
Uma meta já definida no “Atlas da s Energias Renováveis e Visão para o Sector Eléctrico”, publicado pelo Ministério da Energia e Águas em 2014, em que o Executivo definiu o objectivo de chegar aos 600 Megawatts até 2025.
Hoje, a capacidade de produção de energia, a partir de parques fotovoltáicos, está fixada nos 263 Megawats, sendo 188 megawats provenientes do parque fotovoltaico do Biópio, o maior projecto solar individual da África Subsaariana, e outros 75 megawats provenientes do parque da Baia Farta, ambos na província de Benguela.
A estes vai acrescentar os 50 megawats do projecto do Caraculo no Namibe, que, conforme noticiou, recentemente, o jornal OPAÍS, deve começar a funcionar até fim de Março do ano em curso.
Contas feitas, o país terá 313 Megawats provenientes de energia limpa até fim de Março.
O que corresponde a 52,16% do objectivo 600 Megawats, definidos no “Atlas das Energias Renováveis e Visão para o Sector eléctrico”.
Entretanto, outros projectos que farão de Angola um dos principais produtores e consumidores de energias limpas estão em curso, como mostra a tabela.
A caminhada rumo à transição energética vai obrigar o surgimento de uma nova indústria que terá de ser capaz de responder à necessidade de gerar riqueza, bem como responder às demandas de consumo de energia que, de acordo com o Ministério da Energia e Águas, devem crescer 12,5% e chegar aos 39,1 TeraWatt/hora (TWh) até 2025, com um forte peso do segmento doméstico com 37% e um importante contributo dos serviços, com 28%, e da indústria com 25%.
Números que na visão do ambientalista Vladmir Russo têm o principal desafio na electrificação das zonas rurais, e a definição de uma estratégia funcional para a criação de um sistema de pagamentos e clarificação de quem efectivamente paga. Para o ambientalista, o país está a seguir os preceitos que estão definidos no plano estratégico “Angola 2020 – 2025”, que prevê mudar a matriz energética para uma matriz mais limpa.
“As mudanças na barragem de Cambambe e na barragem do Laúca são exemplos dos nossos avanços”, realça Vladmir Russo, em perfeito acordo com o Atlas das Energias Renováveis e Visão para o Sector Eléctrico do Ministério da Energia e Água, que em 2014 previu que a taxa de eletrificação deverá crescer e sair dos 33% para os 60% do consumo até 2025.
Isto ao mesmo tempo que a taxa de industrialização eléctrica no mesmo período deve sair dos 8% para os 25%, um crescimento de mais de 200%.
Um acréscimo nos índices de energias verdes que, como mostra o Atlas do Ministério de Energia e Águas, vai implicar forte investimento na produção, no transporte e em toda infraestrutura de suporte da cadeia eléctrica, que deve chegar aos USD 43 biliões, até 2025, e que terá de ser capaz de equilibrar as necessidades de aumento das energias limpas nas contas gerais da electricidade, mas também, como fez saber Vladmir Russo, acompanhar a lei da procura e oferta de modo a que se venda mais, até mesmo para o exterior, e se possa, por meio da energia, criar riqueza.