Para se ver livre dos cadáveres, a Administração Municipal do Huambo é obrigada a realizar funerais colectivos, acto que tem custado avultados montantes monetários aos cofres do Estado
Por: João Katombela, no Huambo
A direcção do Hospital Geral do Huambo está preocupada com os elevados casos de abandono de cadáveres na morgue da referida unidade sanitária, por parte dos familiares.
Por força disso, a administração municipal da sede da província do Huambo tem estado a gastar, dos cofres do Estado, avultadas somas de dinheiro na realização de funerais colectivos. Recentemente, a administração da capital do Huambo procedeu ao enterro de 16 corpos de pessoas desconhecidas, há muito tempo abandonadas na maior unidade sanitária da região Centro-sul do país.
Durante a estadia da nossa equipa de reportagem na cidade do Huambo, foi possível apurar que até ao último Sábado, 3, mais de uma dezena de corpos, que se encontravam na morgue, eram de familiares que estão em parte incerta.
Esta prática tem sido comum na-quelas paragens. Para o director administrativo do Hospital Geral do Huambo, Ary João Kapamba, o facto tem estado a criar sérios constrangimentos a esta unidade sanitária, pela reduzida capacidade de conservação que a morgue oferece, uma vez que apenas conta com 27 gavetas.
“O dado mais recente que temos é dos funerais colectivos que realizamos em colaboração com a Administração Municipal do Huambo, de corpos que estavam aqui há muito tempo. Essa é uma das dificuldades que este hospital enfrenta e constitui a maior preocupação do corpo directivo”, sublinhou.
O responsável administrativo do Hospital Geral do Huambo fez saber ainda que, mensalmente, são abandonados pelos seus familiares mais de 10 corpos, que têm causado enormes despesas ao Estado. Por outro lado, os casos com maior registo no Hospital Geral do Huambo são os das doenças respiratórias, diarreias agudas e malária, sendo que esta última constitui a principal causa de mortalidade infantil, com um número na ordem dos cinco por cento.
O Hospital Geral do Huambo presta assistência médica e medicamentosa ainda às populações das províncias vizinhas, como Bié, Benguela e Huíla. Por esta razão, o referido hospital não tem sabido responder cabalmente a todas as exigências. A unidade sanitária recebe dos cofres do Estado mais de 3 biliões de Kwanzas por mês.