A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, defendeu a necessidade de os Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) fortalecerem a cooperação entre as suas instituições de Ensino Superior nesta era da inteligência artificial com uma forte aposta no investimento das competências digitais, necessárias para enfrentar os desafios actuais
Falando à margem da abertura do primeiro Congresso Internacional sobre Ciência, Inovação e Desenvolvimento na Lusofonia, que decorre na cidade de Mindelo, ilha de São Vicente, na República de Cabo Verde, a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, partilhou alguns avanços alcançados por Angola nos mais diversos domínios.
Na sua dissertação sobre o tema “Ciência e Inovação como garante da Segurança Alimentar, grandes desafios a nível global, soluções sustentáveis – o contexto de Angola”, Esperança da Costa referiu que o Executivo angolano tem apostado na adaptação e mitigação dos fenómenos ambientais, da segurança alimentar e nutricional e da conservação dos diferentes ecossistemas.
Sublinhou que Angola tem priorizado o fortalecimento da investigação científica e do desenvolvimento, através de políticas cada vez mais robustas e do financiamento da base material, incluindo o estabelecimento de infraestruturas logísticas e de telecomunicações, para facilitar o acesso e o processo de digitalização dos diferentes sectores, com realce para a criação do Projecto Angola Research Education Network, uma rede que permitirá interligar as Instituições de Ensino Superior (IES), a criação da Universidade Virtual, a informatização dos serviços das IES, sua presença na Web, bem como o fomento das competências digitais.
“Os nossos países, com realce para os PALOP, são constituídos maioritariamente por jovens. Precisamos, nesta busca pelo desenvolvimento, de olhar para o dividendo demográfico perante a necessidade de construirmos uma sociedade justa, pacífica, inclusiva e sustentável, onde a inovação e a competitividade permitam taxas mais elevadas de valor acrescentado”, disse Esperança da Costa.
Salientou que, para além das relações político-diplomáticas que unem os países lusófonos, se deve intensificar a cooperação nos domínios da economia verde, economia azul, tecnologias de informação e transição energética. Avançou que os vários desafios globais da actualidade e do futuro requerem, sobretudo, uma grande capacidade de adaptação de todos os actores da comunidade académica.
Entre esses desafios, destacou a elevada ameaça dos sistemas alimentares, considerando que o desafio da segurança alimentar representa uma das preocupações globais mais candentes da agenda colectiva, defendendo a necessidade de se trabalhar para encontrar soluções inovadoras que permitam salvaguardar a produção de alimentos para contrariar as projecções que revelam uma maior carência de produção alimentar, na ordem de 50 a 60 por cento, em 2050.
“À medida que avançamos, a necessidade de alcançarmos o progresso aconselha-nos a abraçar a transição energética, a transformação digital e ambiental sem que os justos equilíbrios sejam postos em causa”, sublinhou. O Congresso, que decorreu de 18 a 20 de Outubro, abordou os caminhos para uma investigação científica de qualidade na lusofonia, promovendo o diálogo entre as universidades, o poder político e as empresas, bem como a ciência, tecnologia e inovação nos países lusófonos, desafios e oportunidades no século XXI.