Esperança da Costa disse que a criminalidade transfronteiriça é uma das ameaças à paz e à segurança global, considerando que a mesma só pode ser eficazmente combatida com o esforço conjunto de todas as polícias do mundo
Vice-Presidente da República discursava, ontem, na abertura da 26ª Conferência Regional Africana da Interpol que junta na capital angolana, até amanhã, perto de 350 delegados de países africanos, dos EUA, Canadá, Rei- no Unido, Austrália, Qatar, Sérvia, Guatemala e do Brasil. Esperança da Costa exortou aos Estados-membros desta Organização Internacional de Polícia Criminal a reforçarem a cooperação para prevenir a criminalidade transfronteiriça, que, segundo a Vice-Presidente da República, cresce de forma descontrolada.
Afirmou que o mundo enfrenta actualmente ameaças cuja dinâmica não conhece fronteiras e, por esta razão, pela via da Interpol, considerou necessário o reforço da cooperação policial que permita uma resposta rápida, eficaz e de maior segurança na informação. Notou que o organismo representa, actualmente, um ente importante da política securitária internacional, tendo desenvolvido capacidades que permitem, hoje, conectar os 195 Estados- Membros, que têm servido com os seus instrumentos e serviços a todos os Órgãos de Aplicação da Lei.
Segundo Esperança da Costa, foi nesse espírito que o Executivo angolano teve a iniciativa em 2019, durante a 24ª Sessão da Conferência Regional Africana, realizada em Kigali, Ruanda, de apre- sentar a sua candidatura, para acolher a 26.ª Conferência do órgão, que coincide também com o 41º aniversário da sua adesão. Para Esperança da Costa, a Interpol deve contribuir para que o mundo seja um lugar cada vez mais seguro, sendo esta uma responsabilidade que deve ser partilhada por todos os Estados. Lembrou que a região enfrenta ameaças que contribuem para o aumento da criminalidade organizada e do terrorismo, associa- do aos focos de tensão e conflitos que se registam em algumas regiões do continente berço.
Acrescentou que estas tensões e conflitos são susceptíveis de influenciar o aumento de outros crimes que afectam o desenvolvimento de África, constituindo uma violação aos direitos humanos. Por isso, considerou urgente o estabelecimento de uma cooperação estreita para prevenir tais situações, realçando “que nenhum país está isolado, por isso a cooperação regional e internacional se faz necessária e com maior intensidade”.
Angola comprometida com a causa da interpol
Esperança da Costa lembrou que a República de Angola, desde 2002, tem tido oficiais em comissão de serviço nos diferentes órgãos operativos, administrativos do Secretariado-Geral da Interpol e de governação, nomeadamente no Comité Executivo e Comissão de Controlo de Ficheiros, quer ao nível da sede em Lyon, quer no Bureau Regional da organização, sedeado em Harare, Zimbabwe. Aos altos responsáveis da Interpol, a Vice-Presidente da República assegurou que os órgãos de polícia e de aplicação da Lei do Governo angolano estão com- prometidos com este espírito, e o acolhimento da 26.ª Conferência Regional, na capital angolana, demonstra este compromisso internacional.
Sublinhou que desde os primórdios da sua independência, Angola, preocupada com a paz e a segurança pública, viu a Interpol como uma organização de relevância, aderindo à essa organização a 5 de Outubro de 1982, durante a 51ª Sessão da Assembleia Geral, realizada no Reino de Espanha.
Angola importante parceiro da interpol
O presidente da Interpol, Ahmed Naser Al-Raisi afirmou que desde a sua adesão, em 1982, Angola tem sido um membro importante para esta organização, apoiando a lta global contra os grupos de cri- me organizado em África, juntamente com outros países do continente. Angola, segundo o mais alto oficial da Interpol, tem estado a ajudar a salvaguardar a região contra os crimes de tráfico de drogas, de armas de fogo e até de pessoas.
Referiu que a Interpol continua a construir capacidades para o combate ao crime ao nível global, e a conferência de Luanda, que reúne peritos de vários países, pretende criar acções que visam salvaguardar as vidas africanas, num mundo onde os criminosos não têm fronteiras. Al-Raisi exortou aos Estados membros a trabalharem de maneira concertada, de modo a defender o continente africano contra as ameaças crescentes, que colocam em risco as vidas de muitos dos seus filhos. Acrescentou que a 26ª Conferência Regional Africana da Interpol é uma oportunidade para se olhar nos desafios das forças de polícia em África, e encontrar mecanismos de cooperação entres os órgãos de aplicação da lei a nível do continente.
Assinalou que nos últimos anos, África viu aumentar o número de crimes, principalmente os crimes cibernéticos – e, num mundo em constante mutação, sublinhou, este tipo de criminalidade cria grandes desafios para os governos, empresas e cidadãos. Os ataques são cada vez mais complexos e os criminosos usam cada vez mais novos métodos para terem acesso a dados e informações confidenciais. De acordo com o Fórum Económico Mundial, os crimes cibernéticos crescem mais rápido do que qualquer outra forma de criminalidade, com um aumento de cerca de 30% por ano, entre 2021 e 2022.