O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, criticou, Sábado, em Luanda, o desempenho da CIVICOp, tendo apelado a um ‘perdão genuíno’ e à criação de uma comissão de verdade e reconciliação
Ao discursar no acto central de comemoração dos 58 anos da fundação da UNITA, Adalberto Costa Júnior criticou os “angolanos com responsabilidades” que disse continuarem a “querer atirar irmãos contra irmãos”, apelando a um perdão “genuíno” e à criação de uma co- missão de verdade e reconciliação.
“Cinquenta anos depois, angolanos com responsabilidades relevantes continuam a querer dividir angolanos. Cinquenta anos depois, angolanos continuam a pretender atirar irmãos contra irmãos”, acusou o líder partidário. Afirmou que “ninguém neste país” – onde MPLA e UNITA se confrontaram numa longa guerra civil de quase 30 anos – “está em condições de se expurgar de responsabilidades e de arremessar pedras aos telhados dos vizinhos”, insistindo na criação de uma comissão de verdade e reconciliação “capaz de expurgar os fantasmas”.
Costa Júnior considerou que tem faltado “humildade, coragem, sentido de justiça e patriotismo a muitos companheiros” e explicou que a UNITA se retirou da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) “por respeito à memória de quantos já não estão aqui”, mormente a memória do fundador da UNITA, Jonas Savimbi. “É inaceitável que nem os mortos deixem descansar. Retiramo- nos depois de termos convidado ao relançar dos objectivos da comissão, o que, infelizmente, não foi realizado”, frisou o político.
A UNITA anunciou a sua saída da CIVICOP em Dezembro último, por alegada “violação de princípios” por parte do Governo, considerando que o organismo “permanece refém dos interesses espúrios do regime”. Adalberto Costa Júnior disse, ainda, que a UNITA se tem reunido com famílias que carregam a perda dos seus entes, “vítimas dos processos internos”, e homenageou, entre outros, os generais “Bock” e o comandante António Vakulukuta e “todos quantos se bateram pela causa”, pedindo perdão aos familiares pela dor e sofrimento causados.
“Procuramos um perdão genuíno e um abraço verdadeiro entre filhos da mesma pátria, uma verdadeira reconciliação nacional”, disse o líder da UNITA, considerando que estas condições são fundamentais para um Estado democrático e de direito. O dirigente político lamentou que a CIVICOP “não tenha resistido aos baixos jogos partidários”, considerando que foi destruí- da por “algumas mentes não reconciliadas e com relevante responsabilidade nacional”. Adalberto Costa Júnior destacou ainda que o desenvolvimento de Angola é indissociável do desenvolvimento dos angolanos e que ambos “implicam um clima de paz, democracia e estado de direito”.