O partido UNITA celebrou, na passada quarta-feira, 12, o seu 59.º aniversário com uma mensagem de reafirmação dos seus princípios fundantes e uma contundente crítica ao actual Executivo. Na sua declaração pública, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política do “galo negro” destacou o legado do fundador Jonas Malheiro Savimbi e reforçou o compromisso da UNITA com a alternância política em 2027
A UNITA prestou homenagem aos conjurados do Movimento do 13 de Março e, em especial, a Jonas Savimbi, reconhecendo o seu papel na luta contra o colonialismo português e na construção de um projecto político baseado na unidade nacional.
O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA lembrou que, ao longo dos anos, manteve como princípios norteadores a proximidade com as massas populares e a busca por um Estado democrático onde todos os angolanos tenham igualdade de oportunidades. Ao destacar a luta pela independência, referiu que, nas décadas de 1950 e 1960, o continente africano vivia uma forte onda de libertação.
Assim, Jonas Savimbi teria compreendido a necessidade de uma plataforma comum entre os movimentos nacionalistas, mas, ao ver esgotadas as possibilidades de entendimento com o MPLA e a FNLA, decidiu criar a UNITA, defendendo um modelo de luta baseado na mobilização interna e na proximidade com o povo.
“O poder colonial português nunca daria a independência aos angolanos se estes não optassem pela luta armada”, lembrou o partido, destacando que a sua estratégia diferenciada fortaleceu a resistência contra a presença colonial e mais tarde contra a influência estrangeira no país Críticas à governação e apelo à mudança em 2027 Passados quase 50 anos desde a proclamação da independência, a UNITA fez uma avaliação negativa do actual estado do país, apontando problemas estruturais que ainda hoje persistem. A declaração destacou, ainda, questões como a pobreza, fome, falta de medicamentos nos hospitais públicos, altas taxas de mortalidade, precariedade nas infra-estruturas e o desemprego juvenil.
O partido dos “maninhos” voltou, ainda, a criticar a “instrumentalização da justiça, a perseguição aos opositores políticos e a falta de bilhetes de identidade para muitos cidadãos” em idade eleitoral. Segundo a UNITA, estes factores justificam a crescente insatisfação popular e o desejo de alternância política.
“A UNITA continua a ser a esperança dos angolanos e está compro- metida em garantir a alternância democrática em 2027, respeitando escrupulosamente a vontade do povo e promover uma governação que impacte positivamente cada família e cada cidadão”, afirmou o partido. O documento reafirma ainda o compromisso da UNITA com a institucionalização das autarquias locais, alegando que Angola merece um Estado menos centralizado e mais democrático.
Solidariedade e apoio ao líder partidário
A UNITA expressou também solidariedade às vítimas da recente epidemia da cólera que assola o país e exigiu do Executivo a toma- da de medidas urgentes a fim de conter a crise sanitária. Outros- sim, reiterou o seu apoio incondicional ao presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, face às recentes acusações que classificou como uma “devassa pública mo- vida por agentes do regime”.
O partido lamentou também os incidentes diplomáticos ocorridos em Luanda durante a Conferência Internacional da PAD (Platform for African Democrats), realizada recentemente em Benguela. Segundo a UNITA, a arrogância do governo angolano prejudicou o evento e levou o partido a pedir desculpas aos convidados estrangeiros. Ao
terminar a sua mensagem, a UNITA citou Jonas Savimbi para reforçar a necessidade de continuar a luta política: “Continuemos a andar, pois parar é morrer” – assegurando que continuará mobilizado para garantir uma Angola reconciliada, próspera e livre do medo, da corrupção e da pobreza.