O porta-voz do Galo Negro garantiu a OPAÍS, ontem, que não tem informações sobre a manifestação convocada por elementos as- sumidos como militantes do partido, tendo afirmado que os mesmos “são tudo, menos militantes da UNITA”
Marcial Dachala afirmou que qualquer membro e militante da UNITA sabe que os descontentamentos, ao nível do partido, são expostos em se- de própria e não com a realização de uma manifestação, como intencionam alguns supostos militantes em carta enviada ao Governo Provincial de Luanda. Salientou que todo aquele que procura reivindicar em hasta pública, ao invés de usar os canais oficiais, “é qualquer coisa menos militante da UNITA”.
Em poucas palavras, disse tratar-se de “um plano arquitectado por pessoas que estão habituadas com estas práticas, de quem a UNITA conhece muito bem”. Por isso, acrescentou, tudo será feito para salvaguardar a boa imagem da UNITA. No entanto, contactado por este jornal um dos signatários da carta, Joaquim Andrade, foi peremptório em afirmar: “Quem recebeu financiamento de marimbondos é Adalberto Costa Júnior, não nós”.
O organizador da “marcha” contra o presidente da UNITA nega que estejam a ser financia- dos pelo partido no poder e acusou Costa Júnior de trair o par- tido “quando recebeu dinheiro de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo”. “Não podem estar agora a nos misturar nestas suas práticas. Nós conhecemos o MPLA como um partido político e não como nosso financiador”, afirmou.
Por outro lado, disse que são todos militantes da UNITA, da base ao topo, e que vão à manifestação no dia 31 deste mês para exigir a destituição do presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, contrariando os pronunciamentos do líder da JURA, Nelito Ekuikui, que os considera “intrusos”. Joaquim Andrade explicou que a razão de ser da manifestação tem a ver com o facto de, na sua visão, a UNITA estar doente por dentro, por estar a ser conduzi- da a “contra-mão”.
Ditadura
O jovem referiu ainda que a UNITA é o berço da ditadura, diferente do discurso da democracia que tem sido propalado pelos seus dirigentes. Prova disto, salientou, é o facto de muitos militantes estarem a ser expulsos do partido só por pensarem diferente. “Falamos sempre que somos os fundadores da democracia angolana, quando afinal somos mais ditadores que os outros. Na UNITA é proibido contrariar o presidente Adalberto. Que tipo de democracia é essa?”, questionou. Segundo este militante, “o Galo Negro está a ficar frágil porque está-se a expulsar quem pense diferente.
Aliás, revelou que o próximo a ser expulso será o deputado Domingos Epalanga, só por este ter participado nas eleições da JURA”, lamentou. “O populismo é perigoso e enganador”, disse, explicando que na UNITA “há mais populistas do que políticos”. “E estas pessoas estão a levar o partido num caminho perigoso. Se quisermos ser poder temos que deixar essas práticas”, disse. Por fim, explicou que mais de mil militantes estão mobilizados e ávidos e participar nesta manifestação, que diz que será pacífica, cujo fim único é a destituição do presidente da UNITA.
Ekuikui dúvida de militância de manifestantes
O secretário-geral da Juventude Unida e Revolucionária de Angola (JURA), braço de juvenil da UNITA, descartou a militância dos organizadores da referida manifestação, tendo-os considerado “intrusos”. Na sua página do Facebook, Nelito Ekuikui referiu que “tomou conhecimento de uma carta dirigida ao Governo Provincial de Luanda, subscrita por jovens auto proclamados militantes da UNITA, mas sem prova testemunhal da sua pertença ao Partido, ou seja, “não são por nós conhecidos”.
Afirmou que a manifestação, convocada para o próximo dia 31 de Maio, “não passa de sequência de um plano vergonhoso do MPLA de combater até a exaustão o presidente democraticamente eleito e por duas vezes, Adalberto Costa Júnior”. Na sua publicação, Ekuikui “advertiu que a JURA não permitirá em circunstância alguma que os acontecimentos que resvalem em sabotagem do normal curso de trabalho do parti- do voltem a ter lugar”. Ademais, explica que a organização que lidera “tomará a dianteira na defesa dos valores democráticos e da sua direcção eleita em Congresso, e exorta a juventude a manter-se vigilante na defesa das causas justas e colectivas do povo angolano, distanciando-se da imprudente compra ou venda de consciência”.