O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, considerou, ontem, em Luanda, que a actual configuração política do mundial está a retornar às características do período da guerra fria, bipolarizado e rejeitado aos interesses das grandes potências
Adalberto Costa Júnior fez estes pronunciamentos quando intervinha na conferência sobre “Paz, Segurança e Desenvolvimento”, organizado pela UNITA, em Luanda. O líder do maior partido da oposição angolana, que dissertava sobre o tema “o papel dos actores políticos para a garantia da paz e estabilidade”, sublinhou que a paz é um elemento fundamental sem a qual não é possível falar-se em desenvolvimento das sociedades. Costa Júnior lembrou que o evento decorreu cinco dias depois da comemoração do “Dia da paz”, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1981, e comemorado pela primeira vez no ano seguinte.
A iniciativa da ONU, segundo o presidente da UNITA, visava alertar o mundo sobre a necessidade de um mundo sem conflitos e sem violências, e para tal era imprescindível que todos os esforços fossem envidados para a celebração de acordos que produzissem paz por via de cessar fogos. “Naquela altura, o mundo era bipolarizado e estava há cerca de 36 anos em guerra fria, com intensos conflitos regionais nas chamadas zonas de influência das grandes potências”, disse, considerando que “hoje dá a ideia de que se está a retornar ao mundo de então – bipolarizado e rejeitado aos interesses das grandes potências”.
A luta pela independência de Angola
Costa Júnior referiu, por isso, que o papel dos actores políticos angolanos ganhou relevância com a participação na luta pela independência nacional, em que angolanos de todas as regiões e classes sociais, movidos pelas injustiças do regime colonial, despertaram para a luta armada. Afirmou que o traço da união foi o de ver Angola livre da colonização, tendo sido assim que Holden Roberto, Ilídio Machado, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, Viriato da Cruz, Jonas Savimbi, Gentil Viana e outros doaram-se na luta pela independência, militando na UPA-FNLA, MPLA e UNITA.
No entanto, a luta anti-colonial bem-sucedida, considerou Costa Júnior, deu lugar de- pois aos conflitos de interesses e à guerra fracticida entre irmãos. Lembrou, com isso, que o mundo actual vive um momento da sua história marcado por grandes transformações, decorrentes, sobretudo, do avanço tecnológico nas diversas esferas da sua existência. “Na produção económica dos bens naturais, nas relações políticas da vida social e na construção cultural”, reiterou, tendo acrescentado que esta nova condição exige um redimensionamento de todas as práticas mediadoras da sua realidade histórica.