Ao longo da última semana, Isaías Samakuva, antigo líder da UNITA, e o actual presidente, Costa Júnior, agitaram o ‘poleiro’ com trocas de acusações de um lado e do outro.
Samakuva, que agora coordena a fundação que homenageia o líder fundador do ‘Galo Negro’, realizou uma conferência de imprensa para informar que a instituição tem apenas cariz filantrópico, dissipando as dúvidas de que estaria a criar um outro partido político.
Na mesma ocasião, explicou que a criação da fundação havia levantado “dúvidas, sentimentos de ódio e até de repulsa, em certos casos, e noutros (de) júbilo, encorajamento e até de expectativas”, e detalhou todo o processo até à legalização da fundação, concretizada em Maio, com o reconhecimento oficial em Diário da República.
A direcção da UNITA, no entanto, ao debruçar-se sobre o assunto, disse ser do entendimento que a legalização da referida fundação era uma forma de instrumentalização do poder para a satisfação de interesses de alguns sectores.
Também em conferência de imprensa, mas em sede da não legalizada Frente Patriótica Unida (FPU), Adalberto Costa Júnior atirou-se contra o seu antecessor, entre outras, com a frase: “Costuma-se dizer que quando a esmola é grande, o pobre desconfia” , numa suposição de que Samakuva estaria a ser usado pelo partido no poder.
As acusações subiram de tom, e um dos filhos do fundador da UNITA, Sakaíta Savimbi, em nome da família e da fundção em homenagem ao seu pai, endereçou, na última segunda-feira, 15, uma carta a Costa Júnior, manifestando o seu descontentamento sobre como o assunto estava a ser gerido.
“Bonança após tempestade”
Todavia, na terça-feira, à noite, no final de uma exaustiva reunião do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, o órgão decisório do partido do ‘Galo Negro’ comunicou que, afinal, “foi informado antes pelo coordenador da Fundação Jonas Malheiro Savimbi sobre o processo de legalização da mesma”.
O documento final da 9.ª reunião ordinária, orientada pelo presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, avançou, ainda, que a criação da FJMS “foi sempre um desejo da UNITA”.
Com isso, o órgão máximo da UNITA “entende que os filhos de Jonas Savimbi têm legitimidade para promover o reconhecimento da fundação”, tendo apelado para que a mesma não sofra interferências que a desvirtuem do seu objecto social.
situação política e económica
Além disso, a reunião tratou de diversos assuntos, como a situação política e económico-social, tendo o órgão saudado a ‘declaração sobre a situação real do país’, apresentada por Costa Júnior, e condenado o alegado bloqueio de se reunirem com os cidadãos na Praça do 1.º de Maio, em Luanda.
No capítulo diplomático, o órgão reconheceu a actuação de Adalberto Costa Júnior em Paris, durante a conferência da Internacional Democrática do Centro – IDC África, onde o mesmo discursou sobre Segurança, Paz e Democracia.
A nível interno, a reunião adoptou a ‘declaração sobre a situação real do país’ como documento de trabalho a ser distribuído para a opinião pública.
Outrossim, o Comité Permanente da Comissão Política reafirmou a necessidade da implementação efectiva das autarquias locais no país, como forma de garantir a participação directa dos cidadãos na resolução de problemas locais e promover um desenvolvimento sustentável.