A UNITA considera Jonas Malheiro Savimbi como o símbolo de unidade e coesão no partido, e alega que não dará aso a especulações que tentem manchar o seu nome
A ausência da direcção da UNITA no lançamento da Fundação Jonas Malheiro Savimbi (FJMS), fundador do partido, tem sido questionada e associada a alguns factores, entre os quais se destaca como motivo o facto de fazerem parte da fundação alguns militantes ligados ao grupo que teria impugnado o décimo terceiro congresso da UNITA, em 2019, que elegeu pela primeira vez o Presidente Adalberto Costa Júnior.
Informações dão conta de que a direcção da UNITA terá exigido que os referidos militantes, acusados de tentativa de desestabilização do partido, fossem afastados da Fundação, exigência que terá sido recusada pela direcção da instituição de cariz social. Por essa razão, a direcção da UNITA tem sido acusada que se recusa a não prestar qualquer tipo de apoio, com vista o não alcance dos objectivos da Fundação.
A equipa de reportagem deste jornal tentou contactar o coordenador da Fundação JMS, Isaías Ngola Samakuva, para ouvir o seu posicionamento sobre o assunto, porém sem sucesso. Todavia, apesar da falta de confirmação, o OPAÍS sabe que, dos militantes suspensos à época e que estiveram envolvidos no processo de destituição de Costa Júnior, constam Ilídio Chissanga Eurico, Amaro Cambiete Sebastião Caimana, Sócrates Yava Kabeia, Elisbey Chinjola Bamba Setapi, Manuela dos Prazeres de Kazoto, Ana Filomena Junqueira da Cruz Domingos e Filipe Mendonça.
FJMS autónoma
Entretanto, o porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, justificou a posição da direcção da UNITA, alegando que a Fundação tem carácter autónomo, e não deve ter dependência, quer financeira ou qualquer outro tipo de dependência do partido, ou mesmo estar associada a actos políticopartidários. “A fundação é um projecto da família do Dr. Jonas Savimbi.
É uma entidade própria, não é um braço do partido e, tal como o partido vive, por exemplo, das quotas dos seus membros, deve esperar que a Fundação venha a viver, do ponto de vista financeiro, das contribuições dos amigos e outros meios que a própria Fundação deve conseguir mobilizar. Portanto, não é o partido ou a direcção do partido que deve prestar o apoio financeiro à Fundação, pessoas membros da UNITA, porém, se a título individual o fizerem, são livres de o fazer”, apontou.
O político lembrou que, estatutariamente, a dependência financeira do partido são os seus organismos, nomeadamente a JURA, a LIMA, o secretariado-geral do partido e todas as estruturas a ele adstritas. No que respeita à alegada exigência de afastamento de certos indivíduos da Fundação, feita supostamente pela direcção da UNITA, Marcial Dachala refutou dizendo tratar-se de especulações com intuito de manchar o bom nome do seu partido. “Não contem connosco para alimentar especulações em que surja o nome do Dr. Savimbi.
O nome do Dr. Savimbi para nós é sagrado, e porque ele é o símbolo de unidade e coesão no partido. A função da fundação está ligada à família, e o partido é um projecto do Dr. Jonas Savimbi para os angolanos, e nós estamos a dar continuidade a ele, sob a liderança do Presidente Adalberto Costa Júnior”, sublinhou
Posição da família
Recentemente, durante a apresentação pública da FJMS, o seu primogénito, Durão de Monte Negro Cheya Sakaita Savimbi, reiterou que a instituição em causa não persegue a nenhum fim político-partidário, mas, sim, tem uma dimensão filantrópica.
Por esse motivo, esclareceu, a FJMS não é, nem será um partido político, não será um sindicato, uma instituição religiosa, tampouco será uma empresa. Trata-se de uma expressão da sua vontade genuína de servir, porquanto perseguir a entrega abnegada da materialização do sonho do patrono, que é a de ver os angolanos dignificados na pátria que os viu nascer. “Nós tivemos a sorte de viver e conviver com o nosso pai.
Ele pode ser visto nas mais variadas dimensões. De chefe de família, líder partidário, comandante militar, diplomata, patriota, pan-africanista, enfim, ele foi grande”, explicou.
Com esse esclarecimento, Durão Savimbi salientou que o lugar angolano, no pensamento de seu pai, dava atenção aos mais fracos para Angola profunda, às comunidades, à mulher rural, às pessoas portadoras de deficiências, às questões ecológicas, ao analfabetismo, aos cuidados básicos e preventivos de saúde, desenvolvimento integral e multiforme da juventude, à ligação, à terra e aos valores da angolanidade. Essas valências, no entanto, foram o mote de inspiração para a criação da FJMS.
Assim, essa organização surge como materialização da vontade dos filhos, tendo deixado claro que, apesar desses fins, ela não se esgota no seio do seu objecto social virado para o sonho do seu patrono.
Objectivos da FJMS
Criada sob o lema “Solidariedade, Inclusão e Desenvolvimento”, a Fundação Jonas Malheiro Savimbi tem como objectivos apoiar pessoas com deficiência, contribuir para a erradicação de minas antipessoais, apoiar a mulher rural, promover projectos de alfabetização, saúde sexual e reprodutiva, preservar valores culturais africanos, conceder bolsas de estudo, sugerir, promover, coordenar e executar acções, projectos e programas relacionados com a vida e obra de Jonas malheiro Savimbi, entre outros.