Para a organização da sociedade civil, Observatório Político e Social de Angola (OPSA), varias razões poderão estar na base de Angola ter subido 20 lugares, relativamente ao ano de 2021, no Índice de Percepção da Corrupção, elaborado pela Transparência Internacional, mas alerta para a necessidade de os angolanos terem em atenção que o país ainda está numa posição distante, pelo que não se pode relaxar nas politicas activas de combate à este mal
Os angolanos, esta semana, foram confrontados com o relatório que dava “a boa noticia” que o país subiu 20 lugares, relativa- mente ao ano de 2021, no Índice de Percepção da Corrupção, elaborado pela Transparência Internacional, que inclui outros 180 países e territórios. O documento descreve que Angola manteve a tendência crescente dos últimos anos no com- bate à corrupção, fixando-se na 116ª posição.
A publicação, referente a 2022, divulgada apenas na última terça-feira, pela organização sediada na Alemanha, aponta que a tendência, nos últimos cinco anos, se traduziu numa subida de 14 pontos. Para Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola (OPSA), varias razões poderão estar na base desta subida, mas alerta para a necessidade de os angolanos terem em atenção que o país ainda está numa posição distante, pelo que não se pode relaxar.
Para o líder do OPSA, é preciso ter em conta que, com a chegada, ao Poder, do Presidente da República, João Lourenço, com todas as críticas lançadas, inequivocamente, assumiu um facto, que é o combate e à corrupção, que era um dos principais problemas que o país enfrentava. No desejo do Presidente, refere Sérgio Calundungo, nem que para o referido combate os primeiros a cair fossem os membros do seu próprio partido, MPLA, no poder desde 1975. Com o processo de combate, explicou, o que se viu foi um grupo de pessoas, muito poderosas no passado, a serem investigadas e criminalmente responsabilizadas.
Este avanço, observou Sergio Calundungo, deu a entender que, de facto, havia uma luta contra a corrupção.“Acho que isso tenha tido alguma influência nessa subida. Ou seja, no imaginário colectivo, pela primeira vez, na Angola independente, vimos gente com muito poderosa, que era considerada intocável, a ser pressionada e investigada pela acção da justiça”, sublinhou, advogando que “acho que isso deve ter tido, naturalmente, um efeito inequívoco sobre a percepção que se tem da corrupção”.
Diminuição da ostentação
Outra possível razão, ainda no entender do activista cívico, poder ser o facto de, nos últimos tempos, e fruto da crise económica e financeira, os níveis de ostentação de riqueza terem diminuído ou não serem bem vis- tos pela sociedade que aumentou a sua capacidade de fazer escrutínio e denúncia. “Hoje, mais facilmente vimos cidadãos anónimos ou que faziam denúncias a actuarem. Antigamente, as pessoas, até para denunciarem ou apontarem alguma coisa, tinham problemas”, lembrou. Outra possibilidade apontada por Sergio Calundungo tem a ver com a escassez de recursos públicos.
Conforme referiu, o Esta- do angolano foi obrigado a abraçar ou a lançar mãos de solicitação e acessos a fundos de uma serie de instituições internacionais. E, estas, esclareceu, obrigaram, de certa forma, ao Estado a observar determinados procedimentos ligados a transparência. “Se eu juntar essas três questões, penso que isso poderá, eventualmente, estar na base de o índice de percepção da corrupção ter pensado que a situação em Angola esteja a melhorar.
O alerta
Por outro lado, apesar desta subida, Sérgio Calundungo cha- mou a atenção para a necessidde de as autoridades angolanas não relaxarem nas acções relavas ao combate a corrupção que, durante anos, como assumiu, recentemente, o Presidente da República, João Loureço, foi das principais razões que levaram ao descalabro social do país. Sérgio Calundungo Referiu que Angola ainda faz parte da lista dos países preocupantes, pelo que não pode assumir, com esta subida, a sessão de ser ter chegado a meta, no que as acções de combate à corrupção diz respeito.
“Numa lista de 180 países, tar abaixo dos 50 também não é algo que não deve deixar de nos preocupar. Estamos a fazer uma tendência de melhor, mas ainda estamos entre os 50 países mais corruptos do mundo”, alertou, tendo acrescentado que, “estamos ainda na cauda. Ou seja, mais de 100 países estão melhores que nós. Até países que têm economias menos fortes que a nossa, mas que estão a fazer esse esforço”.